O presidente do PSD considerou hoje imoral haver trabalhadores no ativo a ganharem menos do que desempregados e reiterou as críticas às alterações introduzidas pela Agenda para o Trabalho Digno.
Discursando no encerramento do XV Congresso Nacional dos Trabalhadores Social-Democratas, em Lisboa, Luís Montenegro defendeu que "é imoral uma sociedade onde as pessoas que trabalham chegam ao fim do mês e ganham menos do que pessoas que não trabalham".
"Independentemente de nós não querermos deixar ninguém para trás, o pior que podemos fazer é desincentivar aqueles que produzem, aqueles que trabalham, aqueles que têm uma oportunidade, que dão o seu esforço e que chegam ao fim do mês e têm menos rendimento do que aqueles outros que não fazem esse esforço", defendeu o líder social-democrata.
Para Montenegro, "uma sociedade justa e solidária não deixa ninguém para trás, tem de ter ajudas àqueles que têm mais dificuldades, tem de ter ajudas que sobretudo possam motivar que eles ultrapassem as dificuldades, saiam da situação de vulnerabilidade"
Imediatamente antes, Luís Montenegro deu o exemplo dos professores e referiu que a sua colocação longe de casa "faz com que muitos destes profissionais, entre as despesas de transporte, de alojamento e de alimentação, cheguem ao fim do mês e ganhem zero ou até tenham um saldo negativo".
Na sua intervenção, o líder social-democrata voltou a criticar a "Agenda para o Trabalho Digno", aprovada na sexta-feira no parlamento, com o voto favorável do PS, a abstenção do PSD, Chega, PAN e Livre e votos contra do BE, PCP e IL.
Montenegro considerou que este "é um processo digno da aselhice ou da ligeireza do Governo de Portugal e do PS".
"Eu fico sinceramente preocupado como é que depois de ter havido a subscrição de um acordo de rendimentos em sede de concertação social, alguns dos seus esteios sejam agora deturpados ou adulterados nesta legislação, em prejuízo muitas vezes dos trabalhadores", criticou.
O presidente do PSD considerou que "esta Agenda para o Trabalho Digno é digna se ser estudada nos efeitos perversos que vai ter, infelizmente, nos direitos dos trabalhadores".
Na sua intervenção, Luís Montenegro considerou igualmente que "este é o momento de identificar quem tem fibra para olhar para o futuro, de projetar o futuro, de preparar aqueles que virão a seguir".
"Este não é o tempo das habilidades, este não é o tempo das artimanhas, este não é o tempo dos arranjos políticos, este não é tempo dos sobreviventes, daqueles que só querem chegar ao dia de amanhã, este é o tempo dos reformistas, daqueles que projetam, daqueles que são verdadeiramente solidários", salientou.