O Governo moçambicano aprovou hoje o plano de reconstrução de Cabo Delgado (norte), palco de ataques armados nos últimos quatro anos, para o período de 2021-24, anunciou o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suaze.
"Vai haver cerimónias próprias para abordagem oficial deste assunto e para partilhar dados", referiu o porta-voz, sem avançar detalhes sobre o plano dedicado à região dilacerada por uma insurgência armada desde há quatro anos.
"Como acontece com qualquer outro plano de contingência", o Governo "intervém sempre com recursos próprios, mas também com apoio dos parceiros de cooperação", referiu, acrescentando: "Não vai ser diferente desta vez".
Em todo o caso, Filimão Suaze destacou o facto de já haver "ações a acontecer ao nível da reconstrução" da rede elétrica e estradas.
"Não vamos esperar até que haja apoios: o Governo vai avançando" e os apoios vão encontrar trabalhos no terreno, concluiu.
Equipas de diferentes ministérios estão desde o início do mês a visitar os distritos mais afetados pelo conflito armado e a conduzir levantamentos dos estragos, necessidades e a realizar intervenções de emergência.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.