O ministro dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, vai pedir à China para deixar de ajudar a Rússia durante uma visita que inicia hoje ao país, tendo prometido uma abordagem pragmática na reaproximação a Pequim.
"Enquanto membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas com grandes economias mundiais, o Reino Unido e a China são atores mundiais. A nossa relação é importante", afirmou, num comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Lammy declarou que "as relações com a China são pragmáticas e necessárias para apoiar os interesses britânicos e mundiais".
"Desde travar a invasão ilegal da Ucrânia pela Rússia até promover uma transição ecológica global, devemos falar com frequência e com frontalidade tanto em áreas de discórdia como em áreas de cooperação no interesse nacional do Reino Unido", vincou.
A visita começa por um encontro com o homólogo, Wang Yi, em Pequim, hoje, onde deverão discutir uma série de questões, desde o clima e o comércio até aos desafios globais de política externa, incluindo a invasão ilegal da Ucrânia pela Rússia.
Os países ocidentais acusam a China de estar a apoiar com armas a campanha militar russa na Ucrânia, o que Pequim tem negado repetidamente.
Em Xangai, Lammy vai reunir-se com empresários britânicos para discutir a forma como as relações económicas com a China contribuem para o crescimento no Reino Unido.
O governo trabalhista eleito em julho está a fazer um esforço diplomático de reaproximação ao gigante asiático, mas reconhece que os dois países nem sempre estarão de acordo, nomeadamente em questões relacionadas com os direitos humanos, nomeadamente em Hong Kong, ou a afinidade da China com a Rússia.
No entanto, também destaca interesses comuns, como o investimento na transição para a energia verde e laços económicos profundos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros propõe "cooperar sempre que possível, competir sempre que necessário e desafiar sempre que necessário".
A viagem de David Lammy é significativa pois têm sido poucas as interações entre os dois países. O conservador James Cleverly foi o último ministro britânico a visitar a China, em 2023, pondo fim a cinco anos de interregno.
Após a "idade de ouro" das relações comerciais, proclamada pelo então primeiro-ministro britânico David Cameron no início dos anos 2010, as relações bilaterais tornaram-se tensas.
Londres tem criticado repetidamente a ofensiva de Pequim em Hong Kong, antiga colónia britânica que voltou ao domínio chinês em 1997, para limitar a liberdade de imprensa e as manifestações pró-democracia, o que esfriou o relacionamento entre as duas capitais.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse esta semana no parlamento que a libertação do magnata da comunicação social Jimmy Lai, atualmente detido sob a acusação de pôr em perigo a segurança nacional, é "uma prioridade".
O filho e advogados de Jimmy Lai exortaram o governo britânico para interceder junto da China durante a visita de David Lammy.
A propósito de Taiwan, Keir Starmer criticou as manobras militares de grande envergadura efetuadas pela China na segunda-feira em torno da ilha que a China reivindica como sua, afirmando que "não conduzem à paz e à estabilidade".