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Merkel quer férias mais curtas e idade de reforma igual em toda a União Europeia

por RTP

A chanceler alemã defendeu uma idade única de reforma e a unificação dos períodos de férias nos diferentes países da União Europeia. Ângela Merkel criticou os sistemas vigentes na Grécia, Espanha e Portugal, durante um comício da CDU, ontem à noite, em Meschede na Renânia do Norte Vestefália.

“Não se trata só de contrair dívidas. Em países como a Grécia, Espanha e Portugal, as pessoas não devem poder ir para a reforma mais cedo do que na Alemanha”, afirmou Merkel durante o comício partidário de terça-feira à noite.

“Todos temos de fazer um esforço, isso é importante, não podemos ter a mesma moeda e uns terem muitas férias e outros poucas”, acrescentou a chefe do Governo Alemão.

No discurso aos apoiantes do seu partido, Merkel salientou que a ajuda alemã aos países do sul tem contrapartidas: “Não podemos simplesmente ser solidários e dizer que esses países podem continuar a agir como agiram até agora. A Alemanha está disposta a ajudar, mas só se os demais se esforçarem, e é preciso que demonstrem isso”, disse.

Alemanha vai aumentar idade da reforma para 67 anosPor determinação do Governo de Merkel a Alemanha irá, progressivamente, aumentar a idade da reforma de 65 para os 67 anos, entre 2012 e 2029.

Já no que respeita às férias, a lei garante aos alemães um mínimo de 20 dias por ano, no entanto, mercê de acordos coletivos, este período é mais alargado em muitas empresas, tanto no setor privado como no público, chegando a ultrapassar os 30 dias úteis.

Em Portugal os trabalhadores podem reformar-se aos 65 anos e o primeiro-ministro, José Sócrates, tem vindo a afirmar, por repetidas vezes, que não será necessário aumentar a idade devido às reformas que já foram adotadas na segurança social.

Apesar de as palavras de Merkel se destinarem, ontem, claramente, ao seu eleitorado interno, a posição quanto às férias e à idade de reforma vem no seguimento das propostas que, há meses, foram apresentadas, em conjunto, pela Alemanha e pela França aos outros membros da União .

O "Eixo" Berlim-Paris
O “Pacto para a Competitividade", desenhado por Berlim e Paris, à revelia dos outros parceiros da UE, defende uma harmonização das políticas sociais e fiscais na União Europeia, incluindo um idade de reforma que reflita o envelhecimento da população, impostos sobre as empresas que sejam consistentes em toda a Europa e uma forte contenção nos aumentos salariais, que deixariam de estar indexados automaticamente à inflação.

A proposta apresentada destinava-se a complementar o fundo permanente de crise, para dar assistência às economias da Zona Euro em dificuldades, mas enfrentou uma forte resistência por parte da maioria dos outros países membros que se mostram agastados com a “dominação” do eixo Paris Berlim.

Não é pois surpresa que, aproveitando o facto de a Alemanha ser um dos principais contribuidores financeiros para o mecanismo de resgate, Merkel tente forçar essas mesmas reformas nos países que se viram obrigados a recorrer ao apoio da UE, até porque a Chanceler conservadora têm vindo a ser confrontada com várias derrotas eleitorais na sua terra e necessita de projetar, a nível interno, uma imagem de rigor e dureza para afastar a ideia de que a Alemanha está a dar algo aos outros “a troco de nada”.
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