Duas semanas depois do avanço das tropas de Moscovo sobre a Ucrânia, a McDonald’s
anuncia que fechará temporariamente 850 espaços de restauração na Rússia. O gigante norte-americano de
fast food estava a
ser alvo de duras críticas por permanecer em silêncio perante a guerra.
"Nos mais de 30 anos em que a McDonald’s operou na Rússia, tornámo-nos uma parte essencial das 850 comunidades em que operamos", afirmou o diretor Chris Kempczinski.
"Os nossos valores significam que não podemos ignorar o sofrimento humano desnecessário que se desenrola na Ucrânia", acrescentou Kempczinski numa carta dirigida aos detentores de restaurantes de franchising e funcionários. Anunciou ainda que a "rede interromperá todas as operações na Rússia. No entanto, continuará a pagar aos seus 62 mil funcionários russos e a Ronald McDonald House Charities mantém-se a operar".
A cadeia de restauração do McDonald’s há muito desempenha um papel simbólico na Rússia. A rede abriu o primeiro restaurante em Moscovo há 32 anos, meses antes do colapso da União Soviética. Os restaurantes da McDonald’s na Rússia e na Ucrânia correspondem a dois por cento das vendas da cadeia à escala global.
O anúncio da McDonald’s decorre depois da Yum Brands decidir que suspenderia o investimento de restaurantes na Rússia. O proprietário do KFC tem mais de mil restaurantes na terra de Putin, que correspondem também a cerca de dois por cento de vendas de toda a rede. A Yum Brands, Inc. opera no negócio de restaurauração com as marcas KFC, Pizza Hut, Taco Bell e The Habit Burger Grill.

Boicote no Twitter: "Enquanto vendes um Menu Big Mac, crianças na Ucrânia morrem devido aos bombardeamentos. Os ucranianos não estão a gostar disso!"
O Twitter foi palco de uma campanha de boicotes contra os gigantes alimentares que permaneciam a operar na Rússia. Desencadeou-se no fim de semana e manifestou-se como #BoycottMcDonalds ou #BoycottCocaCola.
Coca-cola, PepsiCo e Starbucks
As marcas de icónicas bebidas norte-americanas são também das mais recentes a associarem-se ao movimento simbólico contra a guerra, suspendendo os negócios em território russo. Estas cadeias estavam igualmente sob pressão por preferirem manter os negócios em solo russo, mas na tarde de terça-feira a Coca-cola anunciou a interrupção dos serviços num comunicado.
"Os nossos corações estão com as pessoas que sofrem os efeitos inconcebíveis destes trágicos eventos na Ucrânia. Continuaremos a monitorizar e a avaliar a situação à medida que as circunstâncias evoluem".

Boicote no Twitter: "Não compres o sangue do teu irmão"
Seguiu-se a rival PepsiCo. "Como uma empresa de alimentos e bebidas, agora mais do que nunca devemos permanecer fiéis ao aspecto humanitário dos nossos negócios", escreveu o diretor Ramon Laguarta, num memorando aos funcionários citado na CNBC.
Anunciou que suspenderá as vendas na Rússia das marcas Pepsi-Cola, 7UP e Mirinda, interrompendo os investimentos de capital e todas as atividades de publicidade e promoção. A empresa explica que
manterá o fornecimento de alguns produtos alimentícios essenciais infantis como leite e comida para bebés.
O diretor da
Starbucks, Kevin Johnson, condenou os ataques numa carta na sexta-feira e afirmou que suspenderia todas as atividades comerciais em solo russo, incluindo o envio de produtos.
De acordo com o Wall Street Journal, a Pepsi estava a avaliar diferentes opções para os negócios na Rússia. As sanções económicas "complicaram muito o processo de descarregamento de ativos russos".
A Rússia é um dos poucos países onde a PepsiCo suplanta a rival Coca-cola.