Maioria absoluta do PS abre "janela de oportunidade" para avançar com reformas, diz Teixeira dos Santos

por Antena 1

Reuters

Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, considera que a maioria absoluta conquistada pelo Partido Socialista nas eleições legislativas abre uma "janela de oportunidade" que permite avançar com reformas que têm sido "adiadas" em Portugal.

A pouco mais de uma semana da tomada de posse do novo Governo - e num momento em que lança o livro intitulado "Mudam-se os Tempos, Mantêm-se os Desafios" -, antigo governante defende, em entrevista à Antena 1, que é num cenário de maioria absoluta que é possível fazer "mudanças estruturais".

"A história política em Portugal mostra-nos que foi durante governos de maioria absoluta que foi possível executar reformas que foram importantes para o nosso país. Neste momento, temos uma maioria absoluta que abre uma janela de oportunidade que eu acho que não deve ser perdida", sublinha o economista, que lamenta que as "importantes reformas" feitas no passado não tenham sido suficientes para colocar o país numa rota de "crescimento sustentável".

Nesta entrevista, em que se mostra "surpreendido" com o resultado das últimas eleições, o antigo titular da pasta das Finanças afirma ainda que, mesmo com maioria absoluta, é essencial que o novo Governo seja capaz de dialogar e de criar "apoio político e social alargado" em torno das decisões que venham a ser tomadas.

"É importante assegurar um consenso o mais alargado possível. São mudanças para ficar. Não se pode impor mudanças porque se tem maioria absoluta e depois, quando o governo mudar, desfazerem-se as mudanças. O diálogo continuará a ser importante", salienta Teixeira dos Santos, que se mostra ainda agradado com o cenário de um Partido Socialista que não fica "refém" dos restantes partidos da esquerda parlamentar. "O PS estava refém de exigências que, muitas vezes, eram irrealistas, por parte dos partidos que apoiaram a sua governação até agora. Em regras, essas exigências significam uma visão do país de muito curto prazo, mas que não resolvem as questões estruturais", vinca o economista.

Quanto às políticas económicas do Governo que se prepara para entrar em funções nas próximas semanas, Teixeira dos Santos defende que a prioridade deve ser trabalhar para aumentar a produtividade do país e, no futuro, melhorar os salários, assinalando que "não pode haver melhorias palpáveis sem haver melhorias na produtividade e na competitividade".
PUB