Macau fora de lista de economias mais livres por ser controlado por Pequim

por Lusa

Macau deixou de figurar no `ranking` de 2021 das economias mais livres do mundo, publicado hoje pela Fundação Heritage, porque, segundo a organização, as políticas do território passaram a ser "controladas, em última análise, a partir de Pequim".

Hong Kong, que liderou a classificação durante 25 anos, também não figura no `ranking`.

"Hong Kong e Macau já não estão (...) incluídos no Índice", lê-se no capítulo 1 do índice das economias livres do mundo, publicado hoje pela Fundação Heritage.

"Os desenvolvimentos dos últimos anos demonstraram inequivocamente que essas políticas são controladas, em última análise, a partir de Pequim", frisou a fundação, detalhando que os índices dos dois territórios passaram a ser indexados à China.

Ainda assim, a fundação norte-americana reconhece que "tanto Hong Kong como Macau e Macau, como Regiões Administrativas Especiais, gozam das políticas económicas que, em muitos aspetos, oferecerem aos seus cidadãos mais liberdade económica do que está disponível para o cidadão médio da China".

Em 2020 Macau situava-se no 35.º posto do `ranking`.

O anúncio é um duro golpe para a reputação de Hong Kong, após Pequim ter imposto uma lei de segurança nacional no território, no final de junho de 2020, em reação à mobilização pró-democracia sem precedentes que abalou a região semi-autónoma durante vários meses, em 2019.

A Heritage Foundation é um dos principais grupos de reflexão que influenciam os conservadores norte-americanos em matéria financeira.

A classificação é estabelecida em função da avaliação do grau em que as leis e regulamentos dos vários países são favoráveis às empresas.

Durante 25 anos, a cidade liderou a classificação, com a exceção de 2020, quando passou do primeiro para o segundo lugar, substituída no topo do `ranking` pela rival Singapura.

Em 2019, quando Hong Kong liderou a classificação pelo 25.º ano consecutivo, o Governo disse que a distinção era uma prova da "sua resistência económica, quadro jurídico de alta qualidade, elevado grau de transparência governamental, quadro jurídico eficaz e abertura ao comércio global".

A transferência da administração de Macau ocorreu no final de 1999, pouco mais de dois anos depois de a China ter recuperado a soberania sobre a antiga colónia britânica de Hong Kong.

Em ambos os casos, Pequim aplicou o princípio "Um País, Dois Sistemas", que permitiu a Hong Kong e Macau manterem o sistema capitalista e o seu modo de vida, incluindo direitos e liberdades de que gozavam as respetivas populações.

As duas regiões têm autonomia em todas as áreas, exceto na diplomacia e na defesa.

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