O presidente do Conselho de Administração da Lusa propôs hoje que a agência poderia disponibilizar um pacote informativo gratuito, contribuindo para uma comunicação social livre, mas seria necessário um reforço orçamental para 20 milhões de euros.
"A Lusa pode, se houver por parte da Assembleia da República interesse, fornecer, gratuitamente, um pacote informativo alargado a todos os órgãos de comunicação social em Portugal e aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)", avançou Nicolau Santos, que falava na conferência "Financiamento dos Media", organizada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ).
Este pacote informativo básico, composto por textos e áudios, "seria fundamental" para os órgãos de comunicação social, para além de representar uma "aproximação fortíssima" aos PALOP, defendeu.
Porém, Nicolau Santos ressalvou que, para tal acontecer, é necessário, antes de mais, que esta proposta seja discutida na Assembleia da República e que os deputados "se entendam" quanto à importância de ter uma comunicação social livre e independente, suportada, em parte, pelo próprio Estado.
Adicionalmente, a agência necessita que o seu orçamento seja reforçado para 20 milhões de euros, valor que o presidente do Conselho de Administração da Lusa considerou ser "muito barato", tendo em conta o que pode estar em causa.
Durante a sua intervenção, este responsável vincou também que não é possível ter uma única solução para resolver os problemas na comunicação social, sublinhando a importância de um "trabalho conjunto" sobre o tema.
"A sociedade tem que estar consciente que a informação livre, plural e diversificada é um dos pilares da democracia e, sem isto, as coisas vão-se complicar. Cada órgão de comunicação que desaparece é menos um pilar da democracia", referiu.
Por outro lado, segundo Nicolau Santos, é igualmente importante assegurar que os órgãos de comunicação privados continuem a existir, notando que as fusões de grupos "não fortalecem a informação livre, plural e diversa".
O presidente do Conselho de Administração da Lusa frisou que não é o mercado, por si só, que vai conseguir resolver os problemas em causa, exemplificando que os jovens entre os 25 e os 30 anos estão disponíveis para pagar por entretenimento, mas não por informação.
Nicolau santos assegurou ainda que os meios de comunicação estão a perder publicidade para os próprios motores de busca, uma vez que os utilizadores já não procuram os `sites` dos jornais, rádios ou televisões.
Em 2019, o orçamento da agência Lusa foi de 12,8 milhões de euros, após um corte de cerca de 460 mil euros.
A Lusa é detida em 50,14% pelo Estado, seguindo-se acionistas privados como a Global Media Group (23,36%) ou a Impresa (22,35%), entre outros.