Lidl contrata especialista em protecção de dados para elaborar novo conceito video-vigilância

por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Berlim, 03 Abr (Lusa) - A cadeia de supermercados Lidl contratou um especialista em protecção de dados para reformular o uso de câmaras de vídeo nas suas filiais na Alemanha, depois de ter sido acusada de as utilizar para espiar empregados.

A Lidl, que também opera em Portugal, pediu, na segunda-feira, desculpa aos seus funcionários num anúncio em vários jornais, na sequência da publicação pelo semanário Stern de protocolos elaborados por detectives particulares ao serviço da empresa com detalhes sobre a vida pessoal de empregados.

A Stern voltou a denunicar na sua edição de hoje casos idênticos em concorrentes da Lidl, a Edeka e a Plus, com base em informações de detectives particulares que admitiram ter recolhido elementos sobre a vida privada dos empregados destas cadeias de sumercados, a mando das respectivas direcções.

Entretanto, a Lidl celebrou um contrato de consultoria com o ex-responsável federal pela protecção de dados, Joachim Jacob, para este ajudar a empresa a implementar um novo conceito de vigilância nas suas lojas alemãs, foi hoje anunciado.

Em comunicado, a Lidl sublinhou que não pretende renunciar à vídeo-vigilância, mas que está terá de passar a ser feita "de forma muito mais transparente", com a ajuda de um especialista.

O novo plano de vídeo-vigilância nas lojas Lidl "terá de ser claramente reconhecível, para que tanto os empregados como os clientes saibam que existe, e só assim se podem proteger os direitos de personalidade de uns e outros", disse Jacob, entretanto, a uma rádio de Berlim.

Além disso, acrescentou o mesmo responsável "as câmaras de vídeo que podem ser vistas têm um forte efeito dissuasor" contra furtos, que, segundo a administração da Lidl, causam à firma prejuízos anuais de 80 milhões de euros, só na Alemanha.

Jacob anunciou ainda que irá fazer um levantamento para verificar se de facto foram registados indevidamente dados pessoais de empregados por firmas de segurança contratadas pela Lidl, e em que dimensões.

A Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB) exigiu entretanto maior protecção para a privacidade dos trabalhadores, face ao aumento da vigilância electrónica em muitas empresas.

Ingrid Sehrbrock, vice-presidente da DGB, considerou "lamentável" que tenha sido preciso haver um caso como na Lidl para que os responsáveis políticos comecem a pensar numa melhor protecção dos trabalhadores neste domínio.

"Não se trata apenas da vídeo-vigilância, trata-se de estabelecer limites para o levantamento de dados e a sua memorização nas relaçõ0es de trabalho", advertiu a dirigente sindical.

A Associação do Comércio de Retalho Alemã também já se pronunciou sobre o tema, considerando "indispensável" o recurso à vídeo-vigilância em recintos de vendas, "para impedir e esclarecer furtos e assaltos".

No entanto, "tem de se impedir que as câmaras de vídeo violem a privacidade dos empregados", admitiu Heribert Joeris, especialista em assuntos sociais da referida associação.


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