Leilões imobiliários permitem comprar casa com preços entre a 20 a 40% inferiores ao valor de mercado
Comprar casa com um preço entre 20 a 40 por cento inferior ao valor de mercado é possível através dos leilões imobiliários, um mercado em crescimento devido ao aumento do crédito mal parado.
O director comercial da leiloeira Eurostates, Diogo Pitta Livério, disse à agência Lusa que as vantagens para comprar uma casa em leilão são mais que muitas, mas mesmo assim apenas 50 por cento dos participantes em leilões são particulares, sendo os restantes investidores.
Também a directora comercial da Luso-Roux, Ana Luísa Ferro, sublinhou à agência Lusa que "ainda há muito a fazer" no mercado dos leilões para que estes comecem a chegar aos particulares, mas começa a constatar alguma "tendência de inversão" visto ser a solução mais económica.
Imóveis abaixo do preço do mercado, casa sinalizada no dia do leilão, valor do sinal inferior ao normal (imóveis até 100.000 euros o sinal é de 1.750 euros e acima deste valor é 5 por cento), e condições especiais dos bancos na concessão de crédito são algumas das vantagens dos leilões.
Fonte da Caixa Geral de Depósitos disse à Lusa que a compra de imóveis nestas condições "é incentivada com condições de financiamento mais atractivas que as habituais".
É certo que o mercado dos leilões está em crescimento, em parte devido ao aumento das taxas de juro e dos divórcios, situações que podem levar ao endividamento das famílias que acabam por entregar a casa à instituição bancária ou o banco instaura um processo de penhora por falta de pagamento do crédito.
"Antes era só um nicho de produtos que vinha parar aos leilões e agora temos produtos de maior qualidade e quase novos", sublinhou Diogo Pitta Livério, considerando que a evolução do crédito mal parado vai manter-se nos próximos anos, o que significa mais imóveis para leiloar.
Também Ana Luísa Ferro refere que o crédito à habitação aumentou exponencialmente nos últimos anos, pelo que são inevitáveis situações de incumprimento.
De acordo com o último boletim estatístico do Banco de Portugal, o crédito mal parado nos empréstimos à habitação aumentou 6,1 por cento em Junho, face ao mesmo período do ano passado, para 1,2 mil milhões de euros.
A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação fixou-se nos 5,101 por cento em Julho, o que traduz um crescimento de 21 por cento face ao mesmo período do ano passado, quando se situou nos 4,184 por cento, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O director comercial da Euroestates explicou que o valor da licitação dos imóveis varia consoante o imóvel e as margens das instituições bancárias e acrescentou que os valores para serem comercializáveis "podem ir até aos 20 a 40 por cento do valor de mercado".
No entanto, se o imóvel despertar a atenção de vários interessados o preço pode atingir ou mesmo superar o valor de mercado, realçou a directora comercial da Luso-Roux.
Diogo Livério recorda mesmo o caso de um imóvel na Praça de Londres, em Lisboa, que ultrapassou em 80 por cento o valor base de licitação, pelo que, avisa, "as pessoas tem que definir o patamar até onde podem ir".
A valorização face ao preço de licitação ronda, em média, os 20 por cento em Lisboa e os 10 por cento no Porto, adiantou Ana Luísa Ferro.
Cada leilão é composto por cerca de 50 imóveis, a maior parte habitação, mas também alguns espaços comerciais.
Actualmente, os leilões contam com cerca de 200 a 250 participantes, embora grande parte vá só para ver, tal como reconhece Diogo Pitta Livério, frisando, no entanto, que são vendidos por leilão entre 70 a 80 por cento dos imóveis.
A directora comercial da Luso-Roux sustenta que o distrito de Lisboa tem mais procura, sendo vendidos entre 70 a 80 por cento dos imóveis, um valor que desce para 60 a 70 por cento no Porto.
Os imóveis que não são vendidos entram no circuito da mediação normal ou, em situações excepcionais, poderão ser leiloados novamente.
Mas afinal o que é preciso para participar num leilão? É simples: qualquer pessoa pode participar, para tal basta apresentar o bilhete de identidade, o cartão de contribuinte e um cheque para sinalizar a casa.
Nos leilões promovidos pela Luso-Roux é necessário um segundo cheque de caução para evitar que uma pessoa licite e arremate e depois não formalize a compra da casa, sendo devolvido no final do leilão, explicou Ana Luísa Ferro.
Os imóveis podem, e devem, ser visitados antes do leilão, para tal basta os interessados contactarem as leiloeiras e marcar as visitas.
De acordo com Ana Luísa Ferro, a Luso-Roux já realizou este ano 20 leilões, 13 dos quais no Porto e 7 em Lisboa, estando previsto outros para Outubro e Novembro.
Por seu turno, a Euroestates realizou cerca de 10 leilões este ano, o último dos quais no passado sábado, em Lisboa.
Esta leiloeira prevê ainda fazer um leilão na Batalha, o segundo do ano naquele concelho, e outros em Lisboa e Porto, mas o destaque vai para o leilão do dia 27 de Outubro, no âmbito do Salão Imobiliário na Fil.