Junta do Porto desafia restaurantes a cozinhar para os mais carenciados

por Lusa

Porto, 30 mar 2020 (Lusa) - O presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, António Fonseca, apelou hoje à doação de bens alimentares e desafiou os restaurantes a reabrir cozinhas para confecionar refeições para as famílias mais carenciadas.

Face ao aumento do número de pedidos de ajuda que nas últimas semanas tem chegado àquela união de freguesias, o autarca dirigiu hoje um email a vários grupos empresariais e supermercados apelando à doação de bens.

"O vosso apoio, nomeadamente através de produtos em condições de consumo, mas que não obedecem a todas as condições de comercialização, é da maior importância neste período de crise por causa da pandemia do coronavírus", lê-se na missiva.

Em declarações à Lusa, António Fonseca sublinha que a resposta começa a escassear e até o Banco Alimentar começa, adianta, a enfrentar dificuldades. Desde que foi decretado o Estado de Emergência, no dia 18 de março, o número de famílias apoiadas pela junta passou de 70 para 200.

"Esta é uma situação que nos preocupa muito a curto prazo", assinalou o autarca que salientou que a junta teme não conseguir dar resposta a todos os pedidos de ajuda.

António Fonseca apela também aos cidadãos que possam contribuir com bens alimentares que o façam ou entregando os mesmo na junta ou solicitando que a sua recolha.

"Temos condições para armazenar esses produtos", assegurou, salientando que a situação de emergência social é de tal ordem que foi necessário já recorrer a outras instituições da cidade para garantir que apoio alimentar é mantido.

"Se isto é assim e passaram nem 15 dias desde que foi decretado o estado de emergência, o que será daqui para a frente se o isolamento se prolongar até maio", questionou.

Em declarações à Lusa, o autarca deixou ainda um apelo aos restaurantes da cidade que encerraram portas por conta da pandemia de Covid-19, para que se disponibilizem para confecionar refeições, garantindo a junta, caso necessário, a compra de todos os bens alimentares necessários à confeção das mesmas.

No quadro hoje divulgado pela DGS a cidade do Porto aparece em primeiro com 941 casos, seguindo-se Lisboa com 633.

Entre os 10 primeiros concelhos com mais casos encontram-se mais cinco localizados no Grande Porto: Vila Nova de Gaia (344), Maia (313), Matosinhos (295), Gondomar (276) e Valongo (202).

Portugal regista hoje 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).

Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

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