Lisboa, 31 jan (Lusa) -- O investimento em imobiliário comercial em Portugal deverá ascender aos 2,5 mil milhões de euros durante este ano, após um "volume histórico" de 1,9 mil milhões de euros registado no ano passado, estima a consultora JLL.
Segundo o estudo anual "Market 360º" feito pela JLL, espera-se que "o volume transacionado em imobiliário comercial em ativos de rendimento nas áreas de escritórios, retalho, hotelaria e industrial/logística se aproxime dos 2,5 mil milhões de euros, crescendo face ao volume histórico de 1,9 mil milhões de euros alcançados em 2017", ano no qual houve um crescimento de 50% face ao ano anterior.
O retalho e os escritórios concentram, respetivamente, 35% e 31% deste investimento, sendo que 80% do montante total é internacional.
Estes valores não incluem a promoção imobiliária que, em 2018, deverá "manter a elevada dinâmica, quer nos centros históricos de Lisboa e Porto, com projetos sobretudo resultantes de reabilitação urbana e direcionados ao turismo e habitação `premium`, quer em zonas menos centrais das duas cidades, neste caso com maior expressão da construção nova e para franjas de procura diferenciadas - habitação gama média, escritórios e residências de estudantes", indicam as conclusões do estudo divulgadas em comunicado.
Em declarações à agência Lusa, o diretor-geral da JLL em Portugal, Pedro Lancastre, destacou que "o ano passado foi um ano recorde de investimento em transações comerciais", razão pela qual "as perspetivas para este ano são animadoras e parecem indicar que os recordes vão voltar a ser batidos".
Pedro Lancastre observou que também o investimento imobiliário "está a passar por uma fase muito boa", já que este "tipo de ativo é cada vez mais usado em detrimento de outras classes de ativos porque é um bem mais seguro e palpável".
"Achamos que toda esta onda não é momentânea, é estrutural, mas acontece porque as pessoas compram porque podem comprar, uma vez que o financiamento bancário é menor. Há muita procura, mais casas houvesse, mais se venderiam", comentou o responsável.
Na área da habitação, a JLL perspetiva, no estudo, "um ano dinâmico, dando sequência à tendência de alargamento de procura para fora das zonas consideradas `prime`, quer por parte dos compradores nacionais, motivados pelo fator preço, quer pelos internacionais, atraídos pelo estilo de vida que estas zonas menos centrais proporcionam".
"Em Lisboa, zonas como o Beato e o eixo ribeirinho Ocidental Belém-Alcântara, Alta de Lisboa ou nas zonas limítrofes, Carnaxide e Miraflores são alguns eixos em que a atividade deverá acelerar", precisa a consultora, indicando que o aumento da capacidade de resposta vai permitir atingir um maior equilíbrio entre a oferta e a procura, levando a um crescimento menos acentuado dos preços.
Para promover este equilíbrio, Pedro Lancastre assinalou que "o Estado e as autarquias podem dar um bom exemplo e colocarem o património imobiliário que têm para dinamizar o mercado de arrendamento e assim [...] criar maior harmonia".
No que toca à área dos escritórios existem, contudo, "poucos edifícios face à procura", notou o responsável da JLL.
O estudo aponta para uma estimativa de 218,6 mil metros quadrados de novos escritórios até 2021, "embora apenas 14% esteja já em construção e cerca de 40% esteja já pré-ocupado".
Quanto ao retalho, projeta-se a expansão de empreendimentos já existentes, num aumento de 62 mil metros quadrados nos próximos dois anos, e uma procura "muito dinâmica" no comércio de rua em Lisboa e no Porto.
Relativamente ao imobiliário hoteleiro, a JLL conclui que está "em crescente consolidação", desde logo pela entrada no país de grandes operadores internacionais e pelo número de hotéis previstos até 2020, nomeadamente 25 hotéis em Lisboa num total de 2.288 quartos.