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Impressoras 3D produzem casas do futuro

por Carla Quirino - RTP
Tecla 3D/Wasp - Reuters

Uma habitação orgânica, autossustentável e ecológica, construída com uma argamassa de materiais recicláveis e naturais, como argila, faz parte de um novo conceito de arquitetura. Nos últimos 12 meses, diversas empresas do sector de construção apostaram nos benefícios da tecnologia de impressão 3D para produzir casas e infraestruturas a baixo preço.

A impressão 3D é um método usado para construir de um objeto tridimensional a partir de um modelo digital. Informaticamente, o computador dá instruções a um braço móvel que desenha os traços. Em vez de camadas de tinta de uma impressão tradicional, as camadas são agora de uma pasta bombeada que vai solidificando enquanto é traçado o desenho programado.

No último ano surgiu uma variedade de projetos inovadores que aplicam a impressão 3D na construção de novos imóveis residenciais.

O mais recente surge em janeiro de 2021 e é apresentado por um fabricante italiano de impressoras 3D Wasp: a TECLA é uma casa ecológica feita à base de argila e materiais reciclados.

Levou dez dias a imprimir 20 metros quadrados de parede com 40 centímetros de espessura. Citado no portal 3Dprintingindustry, Mario Cucinella, arquiteto que se associou à empresa de construção, sublinha que este edifício é um desafio de geometria de impressão no limite físico e "pode ser uma resposta real às necessidades de viver hoje e no futuro".

A empresa italiana pretende que o método alternativo de construção possa ser usado para combater a falta de habitação.

Da Índia surgem projetos de casas 3D também com o objetivo de produzir novas habitações de forma mais económica e mais eficiente. Construir 60 milhões de casas é o objetivo do programa "Moradia para Todos até 2022" no território indiano, onde a rapidez da impressão 3D  poderá mitigar o problema.


A empresa L&T apresentou a solução de um edifício impresso em 3D de dois andares construído em 106 horas. A argamassa usada na impressão do prédio habitacional é constituída por uma mistura de cimento, areias e argilas locais. Tem barras de reforço integradas em conformidade com os códigos de construção do país.

A empresa indiana "espera que abra caminho para novas obras, proporcionando habitação real para os cidadãos do país". Acrescenta que este projeto representa um grande passo para a industria convencional à escala global.

O mercado alemão também já abriu portas à primeira construção impressa em 3D. Em Beckum, a empresa de engenharia civil PERI está a construir a nova sede de dois andares aplicando a tecnologia 3D.

As estruturas estão montadas num pórtico e a cabeça de impressão pode mexer-se em três eixos.
Um metro quadrado de parede dupla leva cinco minutos a imprimir. Depois de concluída, a sede terá uma área útil de 160 metros quadrados.


"O processo de impressão com argamassa oferece, a nós designers, um alto grau de liberdade quando estamos a projetar edifícios", disse Waldemar Korte, arquiteto associado ao projeto. "Com os métodos convencionais de construção, isso só seria possível com grande custo financeiro", acrescenta.

Esta empresa de engenharia civil associou-se a uma companhia dinamarquesa inovadora na área da impressão 3D e prevê o crescimento do mercado da impressão por todo o mundo.

Estes modelos de habitação sustentável pretendem responder à escassez de infraestruturas. Em África, a Organização da Nações Unidas estima uma carência de cerca 36 mil salas de aula.
 

Estrutura para sala de aula no Malawi - 14Trees

A empresa britânica 14Trees está a implementar a tecnologia de impressão 3D para construir casas e escolas acessíveis em África. "Começámos no Malawi e iremos implantar esta tecnologia em toda a região, Quénia e Zimbabué já têm projetos em andamento", referiu Miljan Gutovic, do Comité Executivo do grupo empresarial.

A primeira casa foi construída em Lilongwe e demorou 12 horas a ser impressa. A primeira escola em Salima viu as paredes subirem em 18 horas. A 14Trees acredita que, usando a tecnologia 3D, não só contribui para diminuir a carência de espaços escolares em território africano como atenua a pegada de carbono, por usar matéria prima otimizada.

Pretende também fomentar emprego contratando operacionais localmente.

A maior casa impressa do mundo está no Dubai compreende dois andares com 9,5 metros de altura. Tem uma área de 640 metros quadrados. Foi construída por uma empresa russa, a 3D Apis Cor, que quis testar as camadas da argamassa no calor do Dubai.

A primeira casa impressa já habitada desde 2018 está na cidade francesa de Nantes. Custou perto de 198 mil euros. Tem cerca de 95 metros quadrados e a estrutura levou 54 horas a ser impressa. Caso tivesse sido construída pelo método tradicional, o custo aumentaria mais de 20 por cento, segundo o portal 3D Sourced.

Para Benoit Furet, arquiteto do projeto, a parte mais empolgante desta construção é a possibilidade de a casa ser construída para se curvar em torno de árvores. Com tijolos seria mais complicado.



Maior rendimento, mais eficácia, menor custo, melhor qualidade de construção, sem esquecer o design, são os principais pilares do novo conceito de arquitetura habitacional.

Os métodos tradicionais de construção de casas mudaram radicalmente há 200 anos. Depois dos guindastes, chega a robótica com as gigantes impressoras 3D que constroem uma casa em horas.
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