Guterres acende sinal vermelho na COP29. "2024, a masterclass em destruição climática"

por Cristina Santos - RTP
AFP

A frase abriu o discurso de António Guterres, esta terça-feira, perante os líderes mundiais na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. O secretário-geral da ONU não foi meigo nas palavras sobre o que representa a crise climática para a humanidade e a urgência extrema de agir.

Guterres avisa que ninguém, “nenhum país é poupado”, até porque o Clima provoca ondas de choque no abastecimento e na alimentação a nível global com os preços a dispararem. “A menos que as emissões [de CO2] sejam reduzidas, todas as economias vão enfrentar uma fúria muito maior” das alterações climáticas.

Depois, o secretário-geral da ONU descreveu alguns "desastres que estão a ser agravados pelas alterações climáticas provocadas" pela Humanidade. Basta ver as “famílias que correm para se salvarem antes do próximo furacão.

Trabalhadores e deslocados que não conseguem suportar o calor insuportável, as cheias que destroem comunidades e infraestruturas”“Crianças que vão para a cama com fome porque as secas devastam as colheitas”.

Ainda assim, António Guterres acredita que "há motivos para ter esperança" tendo em conta os compromissos para abandonar os combustíveis fósseis, assumidos há um ano na COP28 pelos líderes mundiais.
Daniela Santiago, Bruno de Jesus | Enviados especiais da RTP a Baku

No entanto, “é hora para agir, a Humanidade conta com vocês”, sublinhou o secretário-geral da ONU numa tentativa de empurrar os líderes mundiais a alcançarem um acordo final forte, nesta COP29.
“A revolução da energia limpa já chegou”
Perante os participantes na Conferência das Nações Unidas, António Guterres considerou um disparate “duplicar a aposta nos combustíveis fósseis” sendo "a energia solar e eólica a fonte mais barata de nova eletricidade” em quase todo o mundo. “A revolução da energia limpa já chegou e ninguém a pode deter”. “Nenhum grupo, nenhuma empresa e nenhum governo podem travar [a revolução], mas vocês devem garantir” que a mudança “seja justa e rápida”.

Quanto às prioridades, Guterres aponta três a começar pelo exemplo dos países mais ricos que devem ser “os primeiros a reduzirem as emissões”. A seguir, proteger as pessoas, em especial as comunidades mais vulneráveis, da crise climática, o que implica o investimento de centenas de milhares de milhões de dólares.

Precisamente o dinheiro é a terceira prioridade de António Guterres (é também o tema mais complicado desta COP29), ou seja, cumprir a meta financeira global que deve ser de pelo menos 1 milhar de milhões de dólares por ano. “Os países em desenvolvimento não devem sair de Baku de mãos vazias. Um acordo é obrigatório”.
No que diz respeito a impostos sobre o transporte marítimo, a aviação e a extração de combustíveis fósseis “os poluidores devem pagar” defendeu o secretário-geral da ONU.

“O financiamento climático não é caridade, é um investimento”.

“A ação climática não é opcional, é imperativa. Ambos são indispensáveis para um mundo habitável para toda a humanidade”.
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