O embaixador da Guiné-Bissau em Portugal disse hoje, em Benavente (Santarém), que o seu país oferece oportunidades de investimento em vários setores, destacando o "sonho" da concretização de um porto de águas profundas em Buba.
Hélder Vaz falava na cerimónia de acolhimento dos 21 trabalhadores guineenses que chegaram a Portugal na terça-feira para trabalharem em três obras da Mota-Engil em Lisboa, depois de uma formação fruto da parceria da empresa com o Instituto de Formação dos Países de Língua Oficial Portuguesa, saudando um projeto que responde à necessidade de capacitação da mão-de-obra na Guiné-Bissau e de falta de trabalhadores das empresas portuguesas.
Para o embaixador guineense, essa colaboração pode estender-se a "muitos outros setores", referindo o facto de a Guiné-Bissau se situar a 03:50 horas de ligação aérea de Portugal e integrar um mercado único de 380 milhões de consumidores que reúne 15 países, oito dos quais com uma moeda comum, com paridade fixa com o euro, "e onde não se coloca o problema do repatriamento dos capitais".
Afirmando ter estado a conversar, antes da cerimónia, com o presidente do grupo Mota Engil, António Mota, e, na véspera, com o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, Hélder Vaz apontou "oportunidades vastas", em vários setores, que podem ser potenciadas em favor dos dois países.
Em particular, referiu o "grande sonho que é a concretização do porto de Buba", que permitirá fazer da Guiné-Bissau um `hinterland` que sirva toda a costa ocidental africana e os países sem acesso ao mar no interior da África Ocidental.
"Buba é o único sítio natural entre Nouadhibou, na Mauritânia, e a Cidade do Cabo, na África do Sul, com profundidades superiores a 38 metros em vários pontos, o que permite fazer um porto de águas profundas, que transforme a Guiné-Bissau na Holanda de África, com acesso à via [rodoviária] transafricana" (em construção entre Marrocos e a Nigéria) e a linhas férreas que permitam o escoamento dos minérios existentes em países como a Guiné-Conacri, Senegal ou Mali, disse.
O embaixador guineense adiantou que os estudos sobre o porto de Buba vão ser atualizados com apoio do Banco Africano de Desenvolvimento e deixou o convite à Mota-Engil para que vá conhecer o país e possa vir a desenvolver uma parceria mais alargada.
Sobre os 21 trabalhadores formados pelo Instituto de Formação dos Países de Língua Portuguesa a convite da construtora portuguesa, Hélder Vaz declarou a sua satisfação por uma ação que se insere na Estratégia Nacional para as Migrações aprovada no final de 2021, documento orientador sobre a integração da diáspora no desenvolvimento do país.
Segundo afirmou, a Guiné-Bissau quer ser "campeã" no cumprimento dos 23 objetivos do Pacto Global para as Migrações, subscrito por 164 países", entre os quais "a promoção de migrações regulares, ordenadas e seguras, como é este caso".
A diretora geral do Trabalho da Guiné-Bissau, Assucenia Seidi Donate, também presente na sessão, referiu o facto de o seu país ter uma população muito jovem, com "muita mão-de-obra", mas a precisar de ser qualificada, salientando a importância do projeto que permitiu a formação de 35 profissionais da construção civil do seu país.