Guerra na Ucrânia pode desencadear recessão global, alerta Banco Mundial

por RTP
Reuters

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, sugeriu esta quarta-feira que a invasão da Ucrânia pela Rússia e o seu impacto nos preços de alimentos e energia, bem como na disponibilidade de fertilizantes, podem desencadear uma recessão global.

"Ao olharmos para o PIB global... é difícil agora ver como evitamos uma recessão", disse Malpass, sem no entanto apontar para uma previsão específica.

"A ideia de duplicar os preços da energia é suficiente para desencadear uma recessão por si só",
acrescentou.

Malpass revelou, num evento organizado pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos que a economia da Alemanha, a quarta maior do mundo, já desacelerou substancialmente, apontado os preços mais altos da energia como o fator determinante. O presidente do Banco Mundial acrescentou que a produção limitada de fertilizantes pode piorar as condições noutras áreas.
No mês passado, o Banco Mundial cortou a previsão de crescimento económico global para este ano em quase um ponto percentual, para 3,2%.
Malpass enfatizou a dependência europeia da Rússia para petróleo e gás, mesmo num momento em que várias nações ocidentais avançam com planos para reduzir sua dependência da energia russa.

As economias da Ucrânia e Rússia deverão ter uma significativa contração, enquanto a Europa, China e Estados Unidos estavam já a sentir um crescimento mais lento. Os países em desenvolvimento enfrentam ainda consequências mais profundas, com falta de fertilizantes, bem como de comida e fornecimento de energia.

Mapass acrescenta que os movimentos da Rússia para cortar o fornecimento de gás podem causar uma "desaceleração substancial" na região.

A acrescentar aos riscos da Guerra, o impacto expressivo da Covid-19 na enconomia chinesa. Malpass argumenta que a desaceleração relativamente acentuada no crescimento foi baseada na pandemia de Covid-19, na inflação e na crise imobiliária pré-existente que o país enfrentava.

Os confinamentos que se sucedem uns após outro desde março na China aumentam os receios de maior desaceleração da economia naquele país. Riscos mais evidentes quando os confinamentos acontecem em grandes cidades, como Xangai, importante centro financeiro, de produção e transporte.

Também na quarta-feira, o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse que a economia chinesa, a segunda maior economia do mundo, foi mais atingida pela última sucessão de confinamentos, mais do que no início da pandemia, em 2020.

"O progresso não é satisfatório", disse Li. "Algumas províncias estão relatando que apenas 30% das empresas reabriram... a proporção deve ser aumentada para 80% em um curto período de tempo”, argumentou, pedindo mais ação das autoridades.
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