Guerra na Ucrânia leva OCDE a cortar crescimento do PIB mundial para 3% este ano

por Lusa

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) está mais pessimista devido à guerra na Ucrânia e cortou em 1,5 pontos percentuais a perspetiva de crescimento económico mundial para 3% este ano, mantendo-se num nível similar em 2023.

No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje, a OCDE prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% este ano e 2,8% em 2023.

A perspetiva para este ano é uma revisão em baixa de 1,5 pontos percentuais (p.p.) face ao crescimento projetado em dezembro.

A organização com sede em Paris justifica que os choque económicos associados à guerra na Ucrânia têm impacto nos mercados globais de `commodities`, comércio e finanças.

"Antes da eclosão da guerra, as perspetivas pareciam amplamente favoráveis em 2022-23, com o crescimento e a inflação irão regressar à normalidade à medida que a pandemia de covid-19 e as restrições do lado da oferta diminuírem", refere no relatório.

A OCDE explica que o corte nas perspetivas reflete, em parte, as profundas recessões na Rússia e na Ucrânia, mas o crescimento deve ser consideravelmente mais fraco do que o esperado na maioria das economias, especialmente na Europa, onde o embargo ao petróleo e as importações de carvão da Rússia estão incorporados nas projeções para 2023.

"Os preços das `commodities` subiram substancialmente, refletindo a importância do fornecimento da Rússia e da Ucrânia em muitos mercados, pressões inflacionistas e atingindo receitas e gastos reais, particularmente para as famílias vulneráveis", refere.

A OCDE assinala ainda que em muitas economias de mercados emergentes, os riscos de escassez de alimentos são altos, dada a dependência sobre as exportações agrícolas da Rússia e da Ucrânia, enquanto as pressões do lado da oferta também se intensificaram como resultado do conflito, bem como as paralisações na China.

Antecipa ainda que a pressão nos preços ao consumidor deverá permanecer elevada, com uma média de cerca de 5,5% nas principais economias avançadas em 2022 e 8,5% na OCDE como um todo, antes de recuar em 2023, à medida que as pressões da cadeia de suprimentos e dos preços das `commodities` diminuem e o impacto de condições monetárias mais apertadas começa a ser sentida.

Ainda assim, a OCDE acredita que a inflação `core`, embora em desaceleração, deve, no entanto, continuar dentro ou acima dos objetivos de médio prazo em muitas das principais economias no final de 2023.

Ainda assim, salienta que a incerteza em torno das perspetivas é elevada e associada a um número proeminente de riscos, com um impacto da guerra superior ao esperado se existir um corte abrupto nas interrupções dos fluxos de gás da Rússia, novos aumentos nos preços das `commodities` ou interrupções mais fortes das cadeias de abastecimento globais, ou pressões inflacionistas superiores.

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