Guerra de tarifas. EUA querem "reiniciar parâmetros" comerciais e estabelecer acordos "bilaterais"

por Graça Andrade Ramos - RTP
As tarifas de Trump sobre o alumínio poderão encarecer o fabrico de latas de refrigerantes e de cerveja. Mike Blake - Reuters

O secretário de Estado norte americano, Marco Rubio, afirmou esta tarde que, mal os Estados Unidos tenham imposto tarifas à maioria dos seus parceiros comerciais, poderão iniciar com eles, "caso eles queiram", conversações para estabelecer novos acordos bilaterais de trocas.

Há mais de três décadas que o comércio mundial tem evoluído no sentido de estabelecer grandes áreas geográficas de comércio livre ou sob direitos aduaneiros específicos. 

O novo presidente norte-americano considera que a tendência tem sido prejudicial para os Estados Unidos e quer regressar ao passado.

"Vamos reiniciar os parâmetros e nessa altura poderemos passar a estes acordos bilaterais, potencialmente com países, de forma a que o comércio seja justo", explicou Rubio durante uma entrevista ao programa da CBS Face the Nation, este domingo.

O secretario de Estado não detalhou o formato que os novos acordos poderão adotar, mas reconheceu que "nós não gostamos do status quo". "Vamos estabelecer um novo status quo e então poderemos negociar alguma coisa, com quem queira".

"Como está, não pode continuar", acrescentou.

"Isto é global", referiu. "Não é contra o Canadá, não é contra o México, não é contra a UE, são todos".

Foi um aprofundar das explicações dadas no Canadá na conclusão da Cimeira do G7, sexta-feira, nas quais Rubio insistiu que a imposição de tarifas por parte dos EUA "não é um movimento hostil contra os nossos aliados".
Um novo padrão
O que Trump pretende será "uma tarifa recíproca global", explicou o secretário de estado.

"Entenda o que isso significa. Isso significa basicamente que, o que um país nos cobrar, nós iremos cobrar", esclareceu, quando questionado em conferência de imprensa.

"O objetivo que o presidente deixou bem claro é que ele quer redefinir o padrão do comércio internacional, que ele acredita – e eu concordo – ser injusto para os Estados Unidos. Isso não é para ser um movimento hostil contra o Japão ou a Alemanha ou qualquer outra pessoa", sublinhou Rubio. "É sobre equilíbrio e justiça no comércio", defendeu.

"Uma vez que os parâmetros comerciais sejam redefinidos de uma forma que seja justa e equitativa, então podemos passar ao processo de negociações bilaterais com países individuais, incluindo nossos aliados, para estabelecer um acordo comercial de longo prazo mais sustentável e justo entre nossos respectivos países", referiu.
Guerra aduaneira
Donald Trump considera as indústrias do aço, do alumínio, os semicondutores e os automóveis como críticas para a segurança doméstica e futuro dos Estados Unidos. "São coisas que acreditamos ser do nosso interesse ter uma capacidade doméstica, e temos que proteger essas indústrias do que sentimos ser subsídios e concorrência desleal do exterior", frisou Rubio.

No último mês e meio, a imposição de tarifas por parte dos EUA, a aliados como o Canadá, a União Europeia, o Japão ou o México, levou a uma série de retaliações comerciais, desestabilizando o sistema global de trocas, alarmando os mercados financeiros e levantando receios de uma nova recessão.

Quinta-feira, o presidente norte-americano ameaçou aplicar tarifas de 200 por cento em produtos como vinho, champanhe e conhaque, entre outros produtos alcoólicos europeus, abrindo uma nova frente da guerra comercial global.
PUB