Greve dos maquinistas obrigou a suprimir 57 comboios até às 8h00

por RTP
João Marques - RTP

A greve da CP levou esta segunda-feira de manhã à supressão de 57 dos 257 comboios programados até às 8h00, a maior parte dos quais nos serviços urbanos de Lisboa e regionais, segundo a CP - Comboios de Portugal.

Segundo informação divulgada pela empresa, dos 113 comboios programados nos Urbanos de Lisboa foram suprimidos 25 (22,1 por cento), dos 67 previstos no serviço Regional foram suprimidos 23 (34,3 por cento), nos Urbanos do Porto fizeram-se 47 dos 52 programados e nos Urbanos de Coimbra cumpriram-se metade (4) dos oito programados.

A greve não afetou o serviço de Longo Curso, uma vez que, entre as 00:00 e as 8:00 de hoje, se cumpriram todas as 12 ligações previstas.

Vários sindicatos deram inicio na terça-feira (28 de março) a novas greves no setor ferroviário, que abrangem a Infraestruturas de Portugal (IP) e a CP até ao final de abril, incluindo um dia de 24 horas, na próxima quinta-feira.
Segundo um comunicado de uma plataforma de sindicatos, com representatividade na CP e na IP, entre o passado dia 28 de março e terça-feira haverá greve na IP das 00h00 às 2h00 e até 30 de abril os sindicatos cumprem greve na IP e na CP a partir da oitava hora de serviço.

Além disso, até final do mês, "na CP, os trabalhadores cujo seu período normal de trabalho abranja mais de três horas durante o período compreendido entre as 00h00 e as 5h00, entrarão em greve a partir da sétima hora de serviço" e, entre 10 e 30 de abril, na IP, "os trabalhadores cujo seu período normal de trabalho abranja mais de três horas durante o período compreendido entre as 00h00 e as 5h00, entrarão em greve a partir da sétima hora de serviço".

No dia 6 de abril, quinta-feira Santa, a greve será de 24 horas.

Os sindicatos que compõem esta plataforma são a ASCEF - Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária; SINFB - Sindicato Nacional dos Ferroviários Braçais e Afins; SINFA - Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins; FENTECOP - Sindicato Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Publicas; SIOFA - Sindicato Independente dos Operários Ferroviários e afins; ASSIFECO - Associação Sindical Independente dos Ferroviários de Carreira Comercial e STF - Serviços Técnicos Ferroviários.

Segundo os sindicatos, "no dia 6 de abril, caso não sejam decretados serviços mínimos, não se prevê a realização de comboios em Portugal".

"A responsabilidade do impacto, quer financeiro, quer seja social, que advenha destas formas de luta será da total responsabilidade do Governo que ao não negociar com os sindicatos desconsidera os trabalhadores da IP e da CP e desrespeita os cidadãos portugueses que diariamente utilizam o transporte ferroviário", lamentam.
SMAQ exige negociação e admite novas paralisações
No Bom Dia Portugal, António Barata Domingues, presidente do SMAQ, um dos sindicatos que convocou a paralisação, frisou que o objetivo é reivindicar aumentos salariais para compensar a subida da inflação.

António Barata Domingues recorda que a empresa aplicou os aumentos impostos pela tutela, “com atualizações na ordem dos quatro por cento”. E acrescentou que o Governo não está a cumprir aquilo que diz defender em matéria de aumentos salariais.

O que os trabalhadores exigem “é que haja uma negociação efetiva”.
Além dos aumentos salariais há outras questões em cima da mesa, como “a recuperação das cabines de material motor” e a recuperação das “instalações sociais que estão completamente degradadas”.

O SMAQ reclama ainda uma "humanização das escalas de serviço, horas de refeição enquadradas e redução dos repousos fora da sede", e o "reconhecimento e valorização das exigências profissionais e de formação dos maquinistas pelo novo quadro legislativo".

Os maquinistas pedem igualmente o acompanhamento psicológico continuado, especialmente nos casos de atropelamento na via.

“Temos situações completamente absurdas, com maquinistas com mais de 15 atropelamentos na via. E a empresa o que faz é a prestação de um apoio circunstancial no âmbito da medicina de trabalho e depois abandona o trabalhador ao longo da sua vida profissional”, esclareceu.

O sindicato reconhece alguma vontade da CP em resolver os problemas, mas é impedida pelo Governo de dar os passos necessários para que isso aconteça.

No entanto, apesar de todas as outras reivindicações, “o foco da greve tem a ver com as atualizações salariais”.

O sindicalista acusa o Governo de ter um “discurso dissonante” em relação aos aumentos salariais.

“O primeiro-ministro defende que a iniciativa privada acompanhe a inflação e depois nas empresas públicas e na Administração Pública coloca freio nos aumentos salariais”.

O que o sindicato exige “é que haja aumentos salariais em função da inflação registada em 2022”.

No caso de não verem cumpridas as reivindicações, António Barata não exclui a marcação de mais paralisações.

c/ Lusa
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