O Governo quer antecipar a subida da idade da reforma dos funcionários públicos em dois ou três anos, anunciou Teixeira dos Santos na apresentação do Programa de Estabilidade e Crescimento aos representantes dos sindicatos e patrões. O ministro das Finanças sublinhou a importância da contenção salarial, mas os sindicatos querem que alternativas sejam analisadas.
Os funcionários públicos podem reformar-se com 62 anos e meio e 25 anos de serviço. No novo regime, que deveria estar concluído até 2015 mas poderá ser implementado dois ou três anos antes, está definido que a idade de reforma é de 65 anos.
Governo insiste em via dos salários públicos para corrigir finanças
O ministro das Finanças renova a ideia de que a contenção salarial é a única via para a economia do país. Caso contrário, Teixeira dos Santos traça um cenário negro: "Temos de nos convencer que se não levarmos a cabo com sucesso esta correcção das finanças públicas o cenário que teremos pela frente será bem pior. É o bloqueio ao financiamento à economia portuguesa, é o gerar de dificuldades enormes para as empresas portuguesas, é comprometer o crescimento, é comprometer o emprego".
"O Governo não pode mesmo desviar-se do caminho", sublinha Teixeira dos Santos. "De facto, se as centrais sindicais não percebem isso, que não há alternativas a esta via, exigente, que exige esforços a todos nós, não podemos construir uma base mais sólida para o nosso futuro".
Centrais sindicais não aceitam contenção salarial
A UGT e a CGTP não concordam que a pressão para a redução do défice sacrifique os trabalhadores. O secretário-geral da UGT adianta que haverá contestação se os salários continuarem congelados até 2013, com aumentos abaixo da inflação.
"Para nós é totalmente inaceitável qualquer congelamento de salários na administração pública", afirmou João Proença à Antena1, depois de admitir que "tem de haver um combate às desigualdades salariais" e "preocupação pelo que é dito e da forma como é dito".
"Se houver tentativas de impôr um congelamento salarial na administração pública, de impôr congelamento salarial no sector empresarial do Estado, de um assistirmos a uma situação de a negociação colectiva no sector privado em que o sector privado sai muitas vezes bloqueada, é evidente os tempos vão ser duros e vai haver contestação social", garantiu.
Carvalho da Silva não fala, para já, em protestos, preferindo lembrar os caminhos sugeridos para o PEC. "Essa é a nossa primeira determinação: construir propostas e mobilizar os trabalhadores e os portugueses para sair da actual situação. Também fazer a luta necessária, mas no momento em que iniciamos as lutas dizemo-lo com clareza", disse o secretário-geral da CGTP.