A Google vai recorrer à energia nuclear para alimentar os centros de dados de inteligência artificial. Perante o aumento do uso destas ferramentas, a gigante tecnológica encomendou pelo menos seis pequenos reatores nucleares da empresa Kairos Power, celebrando, esta semana, o "primeiro acordo do mundo" para garantir a capacidade de fornecer energia limpa aos núcleos digitais.
“Com o objetivo de acelerar a transição para energia limpa nos EUA, estamos a assinar o primeiro acordo corporativo do mundo para comprar energia nuclear de vários pequenos reatores modulares (SMR) a serem desenvolvidos pela Kairos Power” declarou a Google em comunicado.
A encomenda à Kairos Power é de “seis ou sete pequenos reatores nucleares” (SMR). O acordo pioneiro prevê que o primeiro reator seja concluído até 2030 e os seguintes até 2035.
Os planos da Google apontam para que esta aposta forneça uma solução de baixo carbono e garanta energia necessária para abastecer os centros de dados da IA, que exigem grandes volumes de eletricidade.
Desta forma, a empresa norte-americana, propriedade da Alphabet, acredita que a energia nuclear fornece “uma fonte de energia limpa e ininterrupta que pode ajudar-nos a atender de forma confiável às necessidades de eletricidade”.
Importância do acordo
A Google aponta várias razões para a assinatura deste acordo.
Por um lado, “a rede precisa de novas fontes de eletricidade para dar suporte às tecnologias de IA”, que, relembra “estão a impulsionar grandes avanços científicos”, sublinha Michael Terrell, diretor de energia e clima do Google.
Acrescenta que “este acordo ajuda a acelerar uma nova tecnologia para cobrir as necessidades de energia de forma limpa e confiável, e desbloquear todo o potencial da IA para todos”.
Os centros de dados precisam de energia confiável 24 horas por dia, sete dias por semana, e agora a energia nuclear é a única fonte de energia de carga base sem emissões. E Terrell reitera que “soluções nucleares oferecem essa fonte de energia limpa e 24 horas por dia”. No início deste ano, a Google disse que as suas emissões aumentaram quase 50 por cento em relação a 2019, em parte devido ao aumento no consumo de energia dos centros de dados.
“É uma aposta incrivelmente promissora e, se conseguirmos fazer esses projetos ganharem escala globalmente, trará enormes benefícios para a comunidades e descarbonização das redes elétricas ao redor do mundo”, acrescenta Terrell.
“É uma aposta incrivelmente promissora e, se conseguirmos fazer esses projetos ganharem escala globalmente, trará enormes benefícios para a comunidades e descarbonização das redes elétricas ao redor do mundo”, acrescenta Terrell.
Mais eficiência na tecnologia da Kairos Power
A Google explica que a tecnologia da Kairos Power, "em vez de usar água para refrigerar o reator - como é usado em reatores nucleares tradicionais -, usa sal de flúor fundido". Este processo é "combinado com um combustível cerâmico do tipo seixo, para transportar calor de forma eficiente para uma turbina a vapor para gerar energia”.
Este sistema, que se tem "revelado seguro, permite que o reator opere a baixa pressão, possibilitando um projeto de reator nuclear mais simples e acessível”.
Este sistema, que se tem "revelado seguro, permite que o reator opere a baixa pressão, possibilitando um projeto de reator nuclear mais simples e acessível”.
500 megawatts de energia
Os planos descritos no acordo entre as duas empresas ainda precisam de ser aprovados pela Comissão Reguladora Nuclear dos EUA, bem como por agências locais, antes de serem autorizados a prosseguir.
No ano passado, os reguladores dos EUA deram à Kairos Power, sediada na Califórnia, a primeira licença de 50 anos para construir um novo tipo de reator nuclear.A Kairos foi fundada em 2016 e já está a construir um reator de demonstração no Tennessee, com conclusão prevista para 2027.
Porém, o que ainda não se sabe é a localização onde vão ser implantadas as novas unidades de produção de energia nuclear e os detalhes financeiros do acordo.
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