Frente Comum calcula adesão à greve da Função Pública em 80%

por Cristina Sambado - RTP
Esta é a terceira greve da Função Pública desde que o atual Executivo tomou posse e a primeira convocada pela Frente Comum Rafael Marchante - Reuters

Os sectores da Saúde e da Educação estão a ser os mais afetados pela greve de 24 horas na Função Pública. A paralisação, marcada pela Frente Comum, afeta à CGTP, reuniu também o apoio da Fenprof. A dirigente sindical Ana Avoila fala de uma adesão de 80 por cento em termos globais e de 90 por cento nas áreas como a educação e a saúde.

“Nas contas que fizemos, a saúde tem uma adesão superior a 90 por cento como a educação. Mas em termos globais, nesta altura, podemos afirmar que a greve atinge mais de 80 por cento em termos globais”, revelou Ana Avoila em conferência de imprensa, ao final da manhã, para um balanço da paralisação.

Segundo a coordenadora da Frente Comum, “na saúde, confirma-se a adesão nos serviços, desde o norte até ao sul, das urgências em quase todos a 100 por cento, só como mínimos”.

Ana Avoila denunciou que “em alguns hospitais está a ser feita uma enorme pressão sobre os médicos, nomeadamente, para fazerem as consultas sem os trabalhadores auxiliares, administrativos, ou sem enfermeiros ou técnicos, o que é de lamentar”.

“De toda a forma isso não impediu que os trabalhadores da saúde fizessem a greve. E a greve está a ser feita apesar de alguma especulação”.

Em relação à educação, Ana Avoila afirmou que “há centenas e centenas de escolas fechadas por esse país fora”.

“Mostrando também que os problemas da educação que se viveram, nos últimos anos e também nestes anos já com o Governo do Partido Socialista, em que não há pessoal, em que a precariedade cada vez é maior. Em que a falta dos aumentos salariais para trabalhadores que ganham o Salário Mínimo Nacional é uma questão muito sentida” , acrescentou.

Também outros sectores, como nos “centros educativos de reinserção social estão todos só nos mínimos. É um serviço de extrema importância para a sociedade”.

“Na cultura, temos o Mosteiro dos Jerónimos encerrado e a Torre de Belém só com dois trabalhadores e um segurança”, esclareceu.

Segundo Ana Avoila, “há conservatórias fechadas a 100 por cento. Nos tribunais uns estão a funcionar a 75 por cento e outros encerrados. Temos a ASAE com uma fortíssima adesão e a Inspeção das Pescas está com 75 por cento”.

“A Administração Local tem a maioria das suas câmaras encerradas. Com recolhas de lixo a 100 por cento”.

Para Ana Avoila, “isto confirma que a adesão à greve dos setores que lidam diretamente com as populações, com o público, com os utentes, foi elevadíssima”.
Escolas fechadas
A maioria das escolas está encerrada ou vai fechar por falta de professores ou docentes, que aderiram à greve, segundo o primeiro levantamento feito pela Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

“Falei com vários colegas um pouco por todo o país e há uma forte adesão de professores, em especial os do pré-escolar e 1.º ciclo, assim como assistentes (funcionários) em todos os níveis de ensino”, revelou à Lusa Filipe Pinto, presidente da ANDAEP.

Segundo o responsável, “a adesão a esta greve deve ser das maiores dos últimos anos. Os funcionários estão a trabalhar a dobrar porque há uma promessa de mais 1.500 funcionários que continua sem acontecer e a cereja no topo do bolo para os professores foi o Orçamento do Estado que esqueceu os dez anos de serviço docente”.

Também o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira, admite que “uma boa parte das escolas vão ter problemas”.

Esta manhã, em declarações à RTP, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, denunciou a discriminação dos professores sem a possibilidade de progredir nas carreiras.

O sindicalista exige a reposição de direitos no sector da Educação.

Esta é a terceira greve da Função Pública desde que o atual Executivo tomou posse e a primeira convocada pela Frente Comum.

A primeira paralisação que o Governo de António Costa enfrentou foi a 29 de janeiro de 2016, convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos da Administração Pública, assim como a de 26 de maio deste ano, que teve como objetivo reivindicar aumentos salariais, o descongelamento das carreiras, o pagamento de horas extraordinárias e a redução do horário de trabalho para 35 horas em todos os serviços do Estado.
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