O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves le Drian, afirmou esta quarta-feira estar a aguardar o estabelecimento, nos próximos dias, de um novo mecanismo de trocas comerciais entre o Irão e a União Europeia. Também a Suíça está pronta a implementar um mecanismo financeiro semelhante.
O mecanismo europeu, referido como SPV (veículo de objetivos especiais), foi anunciado em setembro de 2018 e deverá ser lançado ainda este mês, confirmou le Drian perante a comissão parlamentar francesa dos Negócios Estrangeiros. O SPV "deverá ser implementado nos próximos dias", afirmou.
"Irá funcionar como uma espécie de Câmara de Compensação, que irá permitir ao Irão usar euros para beneficiar dos seus recursos petrolíferos e ao mesmo tempo permitir-lhe adquirir produtos essenciais aos três principais parceiros" europeus, explicou o ministro francês aos deputados.
Uma vez que o
dinheiro do petróleo iraniano comece a fluir da Ásia para a Europa, o
canal financeiro suíço começará a funcionar de imediato, garantiu. Nezam-Mafi
revelou ainda que o Governo suíço já designou a instituição bancária que irá
operar o mecanismo, mas ainda não fez um anúncio formal.
Ambicioso
Mecanismo suíço
Também a Suíça está pronta a implementar um mecanismo financeiro que lhe permita manter as relações comerciais com o Irão. O seu objetivo é igual ao SPV e ambos poderão vir a funcionar em concerto.
Em
declarações à agência iraniana de notícias, IRNA, o presidente da
Câmara de Comércio conjunta dos dois países, Sharif Nezam-Mafi, disse
que a Câmara de Compensação suíça será utilizada para facilitar as
transações petrolíferas do Irão com os seus maiores clientes,
nomeadamente a Índia, a China e a Coreia do Sul.
"Atualmente,
não existe dinheiro do Irão na Europa. A maior parte do dinheiro do
Irão está na Índia, na China e na Coreia do Sul, que importam o crude
iraniano", afirmou Nezam-Mafi.
O SPV foi concebido como uma forma de troca para ajudar o Irão a trocar petróleo e gás por produtos franceses, alemães e britânicos. Será registado em França e gerido por alemães, e incluir França, Alemanha e Grã-Bretanha como acionistas.
Alguns detalhes técnicos têm de ser ainda resolvidos pelo que, a operacionalidade do mecanismo deverá ainda demorar vários meses, afirmaram diplomatas franceses à Agência Reuters.
Vários analistas afirmam que, realisticamente, a ambiciosa missão do SPV deverá vir a limitar-se a pequenas trocas comerciais que possam ser toleradas pela Administração do Presidente Donald Trump, por exemplo, produtos humanitários ou agrícolas.
No Acordo de 2015, Teerão comprometeu-se a abandonar o seu programa nuclear em troca do regresso à comunidade internacional e do levantamento de sanções económicas.
O Acordo continua a ser subscrito pela Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China, países que estão agora a tentar salvá-lo, apoiando o Irão.