Fornecedores chineses da Apple usam trabalho infantil em larga escala

por RTP
O director financeiro da Pegatron, Charles Lin Nicky Loh, Reuters

A Apple vinha sendo denunciada pelas duríssimas condições de trabalho que praticava a fornecedora chinesa Foxconn e, para salvaguardar a sua imagem pública, transferiu uma parte das encomendas para outros fornecedores. O problema é que os outros fornecedores têm, com frequência, práticas ainda piores que a Foxconn.

Um relatório publicado pela ONG China Labor Watch traça um retrato de condições desumanas em fornecedores de hardware como a Pegatron e explica-as em boa parte com a complacência ou mesmo cumplicidade de escolas e de professores, que fazem de angariadores de mão-de-obra infanto-juvenil para os fornecedores. Essa mão-de-obra, calculada num mímino de 10.000 estudantes, acaba depois por trabalhar em condições que violam grosseiramente a já de si permissiva lei laboral chinesa.

Produtos da Apple como o iPad ou o iPhone são, assim, fabricados em condições de extrema violência, com horários demasiado longos, com uma penosidade extrema, com longos períodos de pé, com equipamentos e formação em segurança muito deficitários e com uma remuneração muito baixa.

Situações constatadas no relatório

Turnos - 12 horas
Horas extra - 80 por mês
Segundo o relatório, é frequente mulheres grávidas ou crianças serem obrigadas a trabalhar de pé em turnos de 8 horas e mais. O sistema de contagem das horas extraordinárias é visto como viciado e responsável pelas fraudes de sub-pagamento sistemático dessas horas.

Ainda segundo o relatório, a dureza das condições de trabalho leva muitos trabalhadores jovens a desistirem em pouco tempo. Mas quem trabalha menos de doze dias, acaba sempre por partir sem receber qualquer pagamento. O ambiente é intimidatório e os trabalhadores são regularmente humilhados e ameaçados.

O site de Der Spiegel, que procurou aprofundar através do seu correspondente em Xangai alguns dados constantes do relatório da China Labor Watch apenas ouviu dos responsáveis da Pegatron a garantia de que "a protecção dos nossos colaboradores é a nossa máxima prioridade". Mas outras fontes garantiram-lhe que, ao mudar da Foxconn para fornecedores como a Pegatron, a Apple o fizera por razões quetinham que ver com os baixos custos de produção à custa dos trabalhadores - mais até do que por motivos de preservação da sua imagem.
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