FMI espera recessão maior no Brasil, de 3,5% este ano

por Lusa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou as previsões económicas do Brasil, esperando uma queda de 3,5% em 2016 e um crescimento nulo em 2017, o que explica a revisão também em baixa do crescimento mundial.

Na atualização ao World Economic Outlook, hoje divulgada, em que o Fundo revê as projeções dos principais grupos de países e de algumas economias em particular, o FMI espera que, depois de um crescimento de 4% no conjunto das economias emergentes e em desenvolvimento em 2015, "o mais baixo desde a crise financeira de 2008/2009", este crescimento acelere para os 4,3% em 2016 e para os 4,7% em 2017, o que representa uma revisão em baixa de 0,2 pontos percentuais em cada ano.

A instituição liderada por Christine Lagarde refere que a revisão em baixa das projeções de crescimento global "refletem substancialmente, mas não exclusivamente, um crescimento mais fraco nas economias emergentes do que o previsto em outubro" e acrescenta que "as revisões devem-se amplamente ao Brasil".

O FMI cortou em 2,5 pontos percentuais a sua previsão de crescimento da economia brasileira em 2016, esperando uma recessão de 3,6%, e cortou em 2,3 pontos percentuais a sua projeção para 2017, antecipando um crescimento nulo do Brasil no próximo ano.

O Fundo diz mesmo que "a recessão provocada pela incerteza política" no Brasil, num contexto em que continua a investigação à Petrobras, "está a revelar-se mais profunda e mais prolongada do que o esperado anteriormente".

A recessão mais profunda agora esperada para a economia brasileira este ano tem também impacto nas projeções económicas da América Latina e Caraíbas, cujas economias deverão no seu conjunto contrair-se 0,3% este ano e crescer 1,6% em 2017, estimativas que são inferiores em 1,1 e 0,7 pontos percentuais, respetivamente, face ao antecipado em outubro.

No grupo dos países emergentes e economias em desenvolvimento, o FMI prevê que a China abrande o crescimento para os 6,3% em 2016 e para os 6% em 2017, mantendo a expectativa que tinha apresentado em outubro.

Quanto aos países do Médio Oriente, é esperado um crescimento mais elevado, mas o Fundo alerta que "os baixos preços do petróleo e, em alguns casos, as tensões geopolíticas e as lutas internas continuam a pesar nas perspetivas".

Nas recomendações de políticas, o FMI considera que é preciso "gerir as vulnerabilidades e recuperar a resiliência contra potenciais choques" e, simultaneamente, "potenciar o crescimento e garantir a convergência continuada para os níveis de rendimento das economias desenvolvidas".

O Fundo recomenda também que os exportadores de petróleo reduzam a despesa pública e que aumentem a sua eficiência, que reforcem as instituições orçamentais e que aumentem as receitas provenientes de fontes não relacionadas com o petróleo.

 

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