Os trabalhadores de nove fábricas de automóveis e componentes da Volkswagen na Alemanha começam esta segunda-feira a cumprir "greves de advertência" de duas horas. O sindicato promete "a mais dura negociação salarial" que a construtora "já viu" em resposta aos planos para fechar três fábricas e reduzir salários em dez por cento, face à quebra nos lucros.
São milhares de funcionários que participam nesta paralisação por toda a Alemanha. Chamam-lhe "greves de advertência".
O sindicato IG Metall reportou que pelo menos nove fábricas de automóveis e componentes da Volkswagen (VW) aderiram à greve esta segunda feira, que começou às 9h30, paralisando linhas de montagem.
"As greves de advertência começam esta segunda-feira em todas as fábricas", disse Thorsten Groeger, que lidera as negociações sindicais com a construtora alemã. E deixa claro: "Se necessário, esta será a negocição salarial mais dura que a Volkswagen já viu".
“Inverno quente” de greves
A gigante dos automóveis, que se diz em dificuldades, prevê reduções orçamentais de 18 mil milhões de euros. Os cortes irão imprimir alterações significativas nos planos de pensões e salários que apontam uma redução de dez por cento.
A gigante dos automóveis, que se diz em dificuldades, prevê reduções orçamentais de 18 mil milhões de euros. Os cortes irão imprimir alterações significativas nos planos de pensões e salários que apontam uma redução de dez por cento.
Na semana passada, o sindicato propôs medidas que, na sua perspetiva, permitiriam poupar 1,5 mil milhões. Este valor inclui a renúncia a bónus para 2025 e 2026. Porém, a maior construtora automóvel da Europa rejeitou. Por sua vez, para além do corte salarial, a Volkswagen acenou com o fecho de três fábricas em solo alemão, argumentando que precisa de cortar custos e aumentar o lucro para defender a sua participação no mercado.O fecho de três fábricas na Alemanha é algo sem precedentes na história da VW. Deixará muitos trabalhadores no desemprego.
Groeger acusou a "Volkswagen de ter incendiado os acordos de negociação coletiva" e que o conselho da empresa agora está "atirar barris de gasolina para cima deles".
"O que se segue agora é o conflito que a Volkswagen provocou — não o queríamos, mas vamos conduzi-lo com o máximo compromisso necessário", acrescentou.
São esperadas milhares de pessoas numa concentração junto à sede da VW em Wolfsburg. Às portas da fábrica de Hanover, que emprega cerca de 14 mil pessoas, e de outras fábricas de componentes e automóveis, incluindo Emden, Salzgitter e Brunswick, estão previstas manifestações.
O Grupo VW inclui marcas como a Audi e a Porsche. É o maior empregador da Alemanha, com quase 300 mil funcionários no país, dos quais cerca de 120 mil são abrangidos por um acordo coletivo de trabalho.
A IG Metall acrescenta que a resposta da VW foi “extremamente lamentável” e acusa a empresa de “ignorar as propostas construtivas dos representantes dos funcionários”. O sindicato deixou claro que os próximos tempos trazem um “inverno quente” de greves.
Também a principal representante dos funcionários, Daniela Cavallo, defende que os trabalhadores "não devem arcar com o fardo das falhas da gestão para desenvolver produtos atraentes e criar um veículo elétrico mais barato e de nível básico".
“Exigimos que todos façam a sua contribuição – a gestão e também o lado dos acionistas”, declarou Cavallo no plenário em Wolfsburg.
As negociações continuarão a 9 de dezembro. Os sindicatos prometem resistir a quaisquer propostas que não forneçam um plano de longo prazo para cada fábrica da VW.
Reflexos da economia lenta
Os gestores da Volkswagen reiteram que a “a situação económica piorou” e que, por isso, a empresa exige “uma reestruturação fundamental”, invocando a queda nas vendas, associada aos custos mais altos de mão de obra, energia e matérias-primas.
Os gestores da Volkswagen reiteram que a “a situação económica piorou” e que, por isso, a empresa exige “uma reestruturação fundamental”, invocando a queda nas vendas, associada aos custos mais altos de mão de obra, energia e matérias-primas.
Desta forma, a crise na Volkswagen sublinha as dificuldades enfrentadas pelo motor económico da Zona Euro. A economia alemã, caracterizada por ser fortemente exportadora, está em declínio devido à redução da procura, nomeadamente do mercado chinês.
Isto porque não só Pequim começou a produzir veículos elétricos, como as taxas de entrada na União Europeia sobre os produtos chineses geraram receios de medidas retaliatórias.
Isto porque não só Pequim começou a produzir veículos elétricos, como as taxas de entrada na União Europeia sobre os produtos chineses geraram receios de medidas retaliatórias.
Em outubro, a VW reportou uma quebra de 64 por cento nos lucros do terceiro trimestre. Esta retração acompanhou outras gigantes alemãs, como a BMW e a Mercedes-Benz, que também revelaram grandes perdas.
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