A Critical TechWorks, `joint-venture` entre a portuguesa Critical Software e a BMW, encerrou 2023 com um aumento da faturação "superior a 30%" face aos 127 milhões de euros de 2022 e perspetiva este ano um novo incremento, de 35%.
"Fechámos o ano com um crescimento [do volume de negócios] acima dos 30%, à semelhança dos anos anteriores, e com um aumento de 30% no número de trabalhadores, dos cerca de 1.750 com que terminámos o ano passado para os 2.400 no fim de 2023", avançou o diretor financeiro (CFO), Paulo Guedes, em entrevista à agência Lusa.
Este ano, a Critical TechWorks perspetiva aumentar o número de colaboradores até próximo dos 3.000, apontando para um total de 2.900 pessoas no fim de 2024, distribuídas pelos escritórios do Porto, Lisboa e Braga.
"O nosso objetivo é que o Porto tenha cerca de 50% das pessoas, Lisboa 40% e Braga 10%, também em função da capacidade dos escritórios que temos", detalhou o CFO.
Em termos de volume de negócios para 2024, mantém-se o objetivo de um ritmo de crescimento acima dos 30%, na ordem dos 35%, "em linha com o crescimento dos projetos e dos produtos tecnológicos que a empresa está a desenvolver e com o seu próprio crescimento orgânico".
Entre os principais desafios que se colocaram no exercício passado, Paulo Guedes destaca, a nível organizacional, "ter conseguido fazer o `onboarding` [integração]" dos novos trabalhadores, o que implicou a inauguração de novas instalações no Parque das Nações, em Lisboa, e a expansão para um novo escritório em Braga.
Adicionalmente, aponta a aposta feita no "envolvimento do tecido empresarial português" na atividade da Critical, que subcontrata muito do trabalho que faz a outras empresas portuguesas e sentiu necessidade de "dotar a cadeia de fornecimento de capacidade para os desafios tecnológicos que se colocam".
Já do ponto de vista tecnológico, o diretor financeiro destacou o lançamento da nova viatura do BMW i5, com tecnologia da Critical TechWorks, que aconteceu em Lisboa, assim como a tecnologia lançada no novo Mini, com um novo conceito de LCD `cockpit` redondo, e o desenvolvimento do piloto automático para os BMW i5 e i7 para condução autónoma em autoestrada até 60 quilómetros/hora.
"Neste momento, toda a tecnologia das viaturas BMW passa pela Critical TechWorks. Acho que já não existe uma viatura cuja produção seja viável sem a nossa tecnologia, seja ao nível da condução autónoma, do `infotainment` [do inglês `information+entertainment`] e dos próprios processos de fabrico", salientou Paulo Guedes.
Atualmente, o grande foco da Critical TechWorks ao nível do desenvolvimento de tecnologia para o carro tem estado "quase totalmente dirigido" ao lançamento da Neue Klasse, uma nova classe de veículos BMW, construídos em novas plataformas e com nova tecnologia.
Já ao nível da assistência ao condutor e condução autónoma, a empresa está envolvida num projeto que avalia, em tempo real, o nível de fadiga e atenção do condutor durante a viagem, de forma a prevenir acidentes e identificar situações de emergência, como a perda de consciência, para que posteriormente sejam ativados os contactos e protocolos necessários.
A capacidade do veículo de antecipar a necessidade de mudança de faixa de rodagem e de se orientar em conformidade é outro dos projetos em que a Critical está a trabalhar, assim como a identificação de elementos exteriores que possam interferir com o veículo e a previsão do seu comportamento.
Segundo a Critical TechWorks, o objetivo do desenvolvimento destas tecnologias "é, sobretudo, melhorar a segurança do condutor e passageiros, ajudando a prevenir situações de acidente ou realizando as manobras de segurança necessárias".