Fábrica da PepsiCo investe um milhão de euros na transformação de águas residuais em biogás
Lisboa, 24 mai (Lusa) -- A fábrica da PesiCo/Matutano no Carregado instalou um projeto inovador na área da energia que vai permitir transformar a matéria orgânica das águas residuais industriais em biogás, reduzindo custos para a unidade, avançou hoje a empresa.
"Este é um projeto inovador nunca implementado em nenhuma fábrica do grupo. Vamos produzir biogás através das águas industriais do processo de fabrico (águas residuais), que posteriormente vai ser introduzido diretamente nos queimadores do processo", disse à agência Lusa o diretor ibérico para o Ambiente e Sustentabilidade, João Nobre da Costa.
Com este projeto, no qual a empresa investiu um milhão de euros, o biogás é utilizado (como fonte de energia) diretamente nos queimadores do processo produtivo, o que permite além da redução de cinco por cento no consumo de gás natural da fábrica, garantir um tratamento mais eficaz das lamas.
"Quando estiver concluído, no primeiro semestre deste ano, irá traduzir-se num enorme vantagem que nos vai permitir reduzir em cerca de 5 por cento o consumo de gás natural na fábrica e uma redução de 50 por cento no consumo de energia elétrica no tratamento aeróbico das águas residuais", esclareceu à Lusa aquele gestor.
Este é mais um dos fatores que contribuem para que a fábrica no Carregado seja um "caso de estudo" europeu para a Pepsico em matéria de eficiência energética, sublinhou o gestor.
A linha de produção de batatas fritas da empresa é um exemplo visível de como todo o processo se desenrola.
Da produção de batatas fritas, que a Pepsico comercializa sob as marcas Ruffles, Pala-Pála e Lay`s, resultam águas residuais com "alguma carga orgânica" que são encaminhadas para a estação de tratamento deste tipo de águas, onde vão passar por um processo aeróbico que as transformará depois em biogás.
A linha de produção de batatas fritas, no centro industrial do Carregado, é uma das responsáveis pela produção dessas águas residuais que mais tarde são usadas para produção do biogás, referiu João Pontes, diretor de operações industriais para Portugal e Espanha.
Para produzir biogás, antes do tratamento aeróbico das águas residuais é introduzido um tratamento anaeróbico. Assim, além de produzir biogás, consegue-se "agilizar o funcionamento do tratamento aeróbico", reduzindo o consumo de energia elétrica atual em cerca de 50 por cento e o custo com o tratamento das lamas em aproximadamente 75 por cento, explicou.
"Após um tempo de permanência, de cerca de 17 horas, das águas no interior de um equipamento chamado reator é produzido o biogás e as águas retomam novamente o processo existente na ETAR [estação de tratamento de águas residuais]", esclareceu João Pontes.
"O projeto está neste momento em fase de arranque e quando estiver concluído (...) irá ser avaliado para ser exportado para outras fábricas do grupo. Já o fizemos com outros projetos aqui na fábrica do Carregado, que se enquadram na agenda de sustentabilidade ambiental", adiantou.
O gestor realçou que a empresa tem "um grande foco na sustentabilidade e também na rentabilidade, ou seja, a sustentabilidade está necessariamente ligada aos resultados do negócio".
Na fábrica do Carregado são produzidas marcas globais, das quais 50 por cento são exportadas para Espanha e para países da África - Norte de África e Angola -, destacou o diretor com o pelouro da sustentabilidade e ambiente, sublinhando o papel "fundamental" das "parcerias com os fornecedores".
Atualmente, a PesiCo do Carregado compra 20 por cento da batata que utiliza no processo produtivo a fornecedores locais e pretendendo vir a reforçar esta parceria numa "óptica de longo prazo", precisou à Lusa João Costa.
A empresa tem atualmente 350 trabalhadores.