Os Estados Unidos da América (EUA) estão a cumprir "todos os requisitos e garantias" exigidas por Cabo Verde no pedido de extradição do empresário Alex Saab, considerado testa-de-ferro de Nicolás Maduro, garantiu hoje a embaixada norte-americana na Praia.
Através de um comunicado enviado à agência Lusa, naquela que é a primeira declaração oficial daquela representação diplomática sobre este caso, a embaixada afirma que o litígio em curso, referente ao pedido dos EUA para a extradição Alex Saab, para "responder a acusações de lavagem de dinheiro", é "um assunto judicial a ser decidido pelos tribunais independentes de Cabo Verde".
"A independência judicial é o pilar da democracia. Os Estados Unidos reconhecem o poder judicial de Cabo Verde como um elemento fundamental da sua forte democracia e respeitam o processo legal estabelecido pelas leis e pela Constituição de Cabo Verde", lê-se na nota.
O arquipélago de Cabo Verde está no centro de uma disputa entre os EUA e a Venezuela desde a detenção do empresário colombiano Alex Saab, considerado testa-de-ferro de Nicolás Maduro, na ilha do Sal.
O Tribunal da Relação do Barlavento, na ilha de São Vicente, a quem competia a decisão de extradição, aprovou esse pedido em 31 de julho, mas a defesa de Saab, liderada pelo ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, recorreu para o Supremo Tribunal do país.
Alex Saab, 48 anos, foi detido em 12 de junho pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, que o consideram um testa-de-ferro de Nicolás Maduro.
No entanto, a defesa e o Governo da Venezuela insistem na ilegalidade da detenção de Saab, por viajar com passaporte diplomático, como "enviado especial" do executivo de Maduro.
No comunicado emitido hoje, a embaixada norte-americana assegura que no que se refere ao pedido de extradição a Cabo Verde, os EUA "continuarão a cumprir todos os requisitos e as garantias estabelecidas pela lei e pela Constituição de Cabo Verde, sendo falsa qualquer informação em contrário".
"Os Estados Unidos rejeitam firmemente qualquer tentativa de influenciar indevidamente o processo judicial, de desinformar o público através de campanhas nas redes sociais ou propagar informações falsas na imprensa", acrescenta o comunicado.
A embaixada norte-americana sublinha que a "forte reputação de Cabo Verde como um país que respeita o Estado de direito e cumpre os seus compromissos internacionais é bem fundada e merecida".
"A República de Cabo Verde continua a dar seguimento aos trâmites legais deste caso de acordo com a legislação cabo-verdiana e os compromissos do país, como membro responsável e credível da comunidade internacional", conclui a nota.
A detenção de Saab em Cabo Verde foi classificada pelo Governo da Venezuela como "arbitrária" e uma "violação do direito e das normas internacionais", tal como as "ações de agressão e cerco contra o povo venezuelano, empreendidas pelo Governo dos Estados Unidos da América".
Saab era procurado pelas autoridades norte-americanas há vários anos, suspeito de acumular numerosos contratos, de origem considerada ilegal, com o Governo venezuelano de Nicolás Maduro.
Em 2019, procuradores federais em Miami acusaram Alex Saab e um seu sócio por suspeita de operações de lavagem de dinheiro, relacionadas com um suposto esquema de suborno para desenvolver moradias de baixa renda para o Governo venezuelano, que nunca foram construídas.