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Estudo aponta Portugal como hub de Interconexão de dados globais e porta para o mundo

por Nuno Patrício - RTP
Portugal conquista posição central no panorama global da Internet e está hoje no centro do mundo da conetividade. Claudio Schwarz - Unsplash

A modernização portuguesa na última década colocou o nosso país numa posição de liderança e de destaque a nível de comunicações tecnológicas. O investimento em infraestruturas, custos de conectividade competitivos, centros de dados, duplicação do número de Internet Exchanges (IX), geografia, cabos submarinos globais amarrados em Portugal explicam este estatuto, dado a conhecer por um estudo da DE-CIX, principal operador mundial de IX, por ocasião do quinto aniversário da presença da empresa em Portugal .

Um grau de confiança elevado que coloca Portugal como alternativa viável aos locais históricos de interconexão na Europa (Frankfurt, Londres, Amesterdão, Paris e Estocolmo).
Portugal. A porta para a Europa e para o mundo

Portugal conquistou uma posição central no panorama global contemporâneo da internet e está hoje no centro do mundo da conetividade.

Esta é uma das principais conclusões de um estudo encomendado pela DE-CIX, e que examina os fatores que permitiram ao nosso país, e Lisboa, em particular, ser atualmente reconhecido como um centro de interligação global.

O estudo intitulado Portugal: A Global Interconnection Hub, a Gateway to Europe, a Gateway to the World revela como foi possível atingir este estatuto, incluindo a existência de um próspero mercado de Internet Exchange (IX), de apoio aos operadores de rede e empresas em processo de digitalização.

No início de 2024, Portugal contava com 33 data centers, dos quais 20 estão nas proximidades de Lisboa. Um bom exemplo está na Covilhã, com Portugal a oferecer um dos maiores centros de dados do mundo. Além disso, está previsto um centro de dados alimentado por energia 100 por cento verde no âmbito do projeto único em Sines. A ser concluído, conforme planeado, será o maior centro de dados de energia renovável da Europa.
Os resultados mostram que os preços da conetividade de trânsito IP de Portugal caíram 65 por cento, desde 2016, proporcionando uma posição competitiva no mercado europeu.

Este estudo destaca ainda, entre outros fatores, um ecossistema próspero de cabos submarinos e terrestres, um forte investimento em centros de dados e uma duplicação do número de Internet Exchanges de 2016 a 2024, sendo o nosso território o elo de ligação a outras regiões do mundo, à Europa.

Apesar de Londres (Reino Unido) e Frankfurt (Alemanha) terem uma posição semelhante, Lisboa destaca-se por apresentar ligações diretas por cabos submarinos através do Atlântico até à América do Sul, e em breve ligações diretas à Costa Leste dos EUA.
Até 2026, prevê-se que novas iniciativas de amarração de cabos submarinos ao nosso território se estendam a 115 estações de amarração de cabos em todo o mundo, estabelecendo ligações diretas por cabo com nada menos que 60 países nos cinco continentes e estendendo-se até à Austrália.

O estudo demostra que Portugal está colocado no centro do mundo da conetividade à Internet. Servindo como um nexo ideal para a conetividade submarina e terrestre, liga sem problemas outras regiões do mundo à Europa e, reciprocamente facilita o acesso eficiente dos europeus ao resto do globo, minimizando potencialmente os tempos de ida e volta dos fluxos de dados. De acordo com o estudo, Portugal constitui, hoje, uma alternativa viável aos locais históricos de interconexão FLAPS, ocupando Lisboa uma posição geográfica estrategicamente vantajosa.

O que distingue Portugal de uma forma ainda mais distinta de outros países é que as quatro principais estações de amarração de cabos internacionais e os três principais Internet Exchange (IX) de Portugal em Lisboa estão todos num raio de apenas 100 quilómetros, criando uma infra- estrutura de rede unicamente concentrada e interligada.

Ivo Ivanov, presidente executivo da DE-CIX refere o orgulho no crescimento e no impacto alcançado no estabelecimento de Portugal como hub de interligação global.

“O estudo constitui um marco significativo no nosso percurso. Esta análise revela os progressos notáveis que Portugal fez no desenvolvimento da sua infraestrutura digital e na dinamização de vários sectores", afirma Ivo Ivanov. 

“Assistimos a um crescimento significativo, com o número de redes ligadas a triplicar desde o início das nossas operações. A localização estratégica da DE-CIX Lisboa minimiza a latência na troca de dados, apoiada por ligações diretas por cabos submarinos à América do Sul e ligações futuras à costa leste dos EUA. A baixa latência é crucial para os serviços digitais, frequentemente considerados a nova moeda da era digital” acrescenta.
Aumento da velocidade da Internet, redução dos custos de conetividade
De 2016 até ao início de 2024, Portugal registou um aumento da velocidade média de ligação à internet, passando de 12,6 Mbps para 119 Mbps, um aumento de 844 por cento.

Este facto fez com que o país subisse 15 lugares no ranking mundial de velocidade média de ligação à internet, passando da posição 37 para a 22.

Portugal também registou uma diminuição de 20 por cento no preço médio, por megabit, para os clientes finais, e uma diminuição ainda mais acentuada nos preços de trânsito, que caíram uns impressionantes 65 por cento, para 0,26 cêntimos.

Com preços, em 2023, de 0,25 cêntimos em Espanha e 0,22 cêntimos na Alemanha, Portugal está bem posicionado em comparação com outros mercados competitivos.

Esta redução dos preços pode ser vista como um impacto positivo direto do estatuto de Portugal como uma promissora plataforma de interligação global, com um crescimento significativo das redes internacionais e de outras infra-estruturas digitais no período de 2016 a 2024.
Investimentos em infra-estruturas solidificam o estatuto de Portugal

Em termos de investimentos em infraestruturas nacionais, Portugal ocupou o terceiro lugar na Europa, em 2023, na conectividade Fiber to the Home / Building (FTTH/B), com uma taxa de penetração de 71,1 por cento.

No início de 2024, Portugal contava com 33 data centers, dos quais 20 estão nas proximidades de Lisboa.

Um bom exemplo está na Covilhã, com Portugal a oferecer um dos maiores centros de dados do mundo.

Além disso, está previsto um centro de dados alimentado por energia 100 por cento verde no âmbito do projeto único em Sines. A ser concluído, conforme planeado, será o maior centro de dados de energia renovável da Europa.

Todos estes desenvolvimentos visam gerir a procura, cada vez maior, de armazenamento e transmissão de dados. 
DE-CIX Lisboa: O maior Internet Exchange em Portugal
É sabido que uma infraestrutura de conetividade sólida e resiliente, bem como uma abundância de centros de dados permitem o surgimento de um ecossistema diversificado de Internet Exchange.

De 2016 a 2024, o número de IX em funcionamento em Portugal duplicou, elevando o total para quatro destes espaços, oferecendo serviços em vários centros de dados para uma diversidade de operadores de rede.

A DE-CIX, operadora líder mundial de IX, entrou no mercado português com o DE-CIX Lisboa em 2019, promovendo um ecossistema de troca de tráfego cada vez mais distribuído e incentivando mais redes internacionais a ligarem-se na capital.

Com alcance global e uma forte presença em Espanha, a empresa aproveitou a oportunidade para desenvolver ainda mais o seu ecossistema europeu de interligação no Sul da Europa.

Atualmente, a DE-CIX Lisboa alcançou a primeira posição como o maior IX no mercado português, com 60 redes ligadas, incluindo duas redes brasileiras recentemente ligadas, capitalizando a ligação direta entre Portugal e o Brasil através do cabo submarino EllaLink.
Próxima fronteira: Redes de Distribuição de Conteúdos (CDN’s) e Cloud Service Providers
Um elemento determinante para a escolha de um destino para o tráfego internacional é a disponibilidade dos conteúdos e serviços desejados.

Atualmente, isto é disponibilizado através de redes de distribuição de conteúdo (CDNs) como Akamai, CDN77, Cloudflare, Fastly, etc, ou fornecedores de serviços de cloud como a AWS, a Google, a Microsoft Azure, etc.

Embora vários CDN tenham estabelecido presença em Portugal através de um Internet Exchange ou de um ponto de presença noutro local do país, os fornecedores de serviços cloud ainda não estabeleceram uma presença substancial no país.

O estudo mostra que Portugal pode não ter os números económicos e populacionais da maioria dos FLAPS, mas o que oferece é um centro de interligação global de classe mundial capaz de gerir fluxos de tráfego internacional destinados à Europa.

O nosso território pode ainda atuar como uma zona de trânsito para um encaminhamento mais eficiente dos fluxos de dados internacionais tornando-o num local que não pode ser ignorado pelas redes que procuram uma localização, mais próxima dos mercados emergentes ou um novo ponto de vantagem para lidar com a latência, aclamada como a nova moeda para o futuro do domínio do fluxo de dados da internet.


Lisboa acolhe em Outubro a Conferência Atlantic Convergence
A capital portuguesa vai receber entre os dias 1 e 3 de Outubro de 2024 a primeira conferência Atlantic Convergence que irá reunir visionários globais, alguns dos operadores mundiais mais conhecidos e arquitetos da infraestrutura digital pan-atlântica de empresas de renome mundial.

Nesta conferência vão também estar presentes operadores de centros de dados, cabos submarinos e satélites LEO, fornecedores de serviços Cloud, OTTs e operadores IX.

Durante o evento será divulgado um novo estudo, centrado no papel da Península Ibérica no panorama da interligação global.


A Atlantic Convergence é uma iniciativa independente da DE-CIX, principal fornecedor mundial de serviços de interligação e operador de Cloud & Internet Exchanges, em parceria com a AtlasEdge, principal fornecedor europeu de plataformas Edge com data centers em 12 países, EllaLink, cabo submarino que liga a Europa, África e América do Sul, e a Interfiber Networks, o fornecedor de soluções completas de fibra, trânsito IP e agregação para a conectividade à internet em África.
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