Os Governos da Estónia e do Japão anunciaram hoje novas ajudas para o esforço de guerra da Ucrânia perante a invasão russa, quando se completam mil dias da última escalada militar iniciada por Moscovo.
"Em breve se completarão 1.000 dias desde que a Ucrânia começou a defender a sua liberdade contra o agressor. A Ucrânia continua a precisar da ajuda da Estónia e do mundo livre para a sua proteção", afirmou o ministro da Defesa estónio, Hanno Pevkur.
A Estónia aprovou, nomeadamente, o envio de equipamento e munições, segundo a estação de televisão pública estónia ERR: uniformes navais, material de vigilância, miras, equipamento de proteção balística e vários tipos de munições.
"Trata-se de reservas das nossas Forças Armadas, tendo em conta as necessidades da Ucrânia e, ao mesmo tempo, assegurando que as capacidades de defesa da Estónia não são afetadas", explicou o ministro.
A Estónia já concedeu ajuda no valor de mais de 500 milhões de euros à Ucrânia, o que corresponde a 1,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB), e deu formação a mais de 1.500 militares ucranianos, tanto em território estónio como em países terceiros.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Takeshi Iwaya, realizou uma visita de surpresa à Ucrânia, onde se reuniu com o homólogo ucraniano, Andrii Sibiha, com quem abordou questões como a presença de tropas norte-coreanas no país, e também se encontrou com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Iwaya voou para a Polónia na sexta-feira e depois viajou por terra para a Ucrânia. Segundo o diário japonês Yomiuri Shimbun, o diplomata japonês visitou a cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, onde as forças russas levaram a cabo um massacre.
Fontes citadas pelo jornal japonês referiram a disponibilização de meios para ultrapassar o inverno iminente e a ajuda à reconstrução e recuperação da Ucrânia, além da cooperação em matéria de informação, que será igualmente reforçada.
O próprio Zelensky revelou, na sua conta da plataforma digital Telegram, que serão três mil milhões de dólares (cerca de 2,84 mil milhões de euros) o valor devolvido com os juros dos capitais russos apreendidos, "no âmbito do empréstimo de 50 mil milhões de dólares do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo + União Europeia)".
Por ocasião da visita do chefe da diplomacia japonês, Zelensky sublinhou a necessidade de contrariar a cooperação entre a Rússia e a Coreia do Norte, que, advertiu, pode levar a uma "destabilização significativa mais extensa".
"A Rússia está a ensinar à Coreia do Norte a guerra moderna e isso pode causar uma destabilização significativa. Temos de trabalhar em conjunto e com os nossos restantes parceiros para combater esta situação", afirmou o chefe de Estado ucraniano, no seu habitual discurso noturno à nação.
Referiu que abordou com Iwaya o facto de "a Coreia do Norte se ter agora tornado cúmplice da Rússia e estar a ajudar [o Presidente russo, Vladimir] Putin nesta guerra criminosa" e informou-o das atividades militares norte-coreanas na região russa de Kursk e de "todas as ameaças da cooperação entre Pyongyang e Moscovo".
Zelensky destacou também a "significativa ajuda financeira e humanitária do Japão, em particular com o novo pacote de ajuda ao setor energético", indicando que o apoio daquele país à Ucrânia desde o início da guerra ascende já a 12 mil milhões de dólares (11,3 mil milhões de euros).
"O Japão é, na Ásia, um verdadeiro líder na defesa da ordem internacional assente em regras e na defesa da vida humana", afirmou Zelensky.
Acrescentou que também debateu com o ministro o reforço das sanções contra a Rússia, a cooperação económica com o Japão, a reconstrução e a forma de alcançar uma paz justa, e anunciou que a Ucrânia está também a preparar conversações com o novo primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.
O Presidente ucraniano sublinhou ainda a importância do facto de a primeira visita do chefe da diplomacia japonesa a outro país, após a formação do novo Governo japonês, ter sido à Ucrânia, sublinhando esse caráter "simbólico", em termos das relações entre a Ucrânia e o Japão, e também "prático", uma vez que "esta guerra na Europa está agora a decidir muito para o mundo inteiro".