As empresas estatais brasileiras estão a facilitar o pagamento de dívidas da Varig para aliviar a situação financeira da empresa aérea, noticia hoje a imprensa brasileira.
O alívio para o pagamento das dívidas foi determinado pelos ministros José Alencar (Defesa), António Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil), depois da apresentação da proposta da TAP para recuperação da Varig, no dia 2 de Junho, em Brasília.
A proposta foi apresentada aos ministros pelo administrador-delegado da TAP, Fernando Pinto, e pelo presidente do conselho da Varig, David Zylbersztajn.
A Infraero, estatal responsável pelo controlo dos aeroportos brasileiros, voltou a cobrar as tarifas aeroportuárias da Varig duas vezes ao mês, e já não diariamente como estava a fazer.
A empresa aérea recolhia diariamente aos cofres da Infraero cerca de 1,3 milhões de reais (433 mil euros) para utilizar os aeroportos brasileiros.
As dívidas da Varig com a Infraero ascendem a cerca de 132 milhões de reais (44 milhões de euros).
A Petrobras, através da sua subsidiária BR Distribuidora, deverá oferecer igualmente um prazo para fornecimento de combustível à empresa aérea.
As dívidas da Varig com a BR Distribuidora ascendem a cerca de 40 milhões de reais (13,3 milhões de euros), valor considerado pequeno pela empresa aérea que consome anualmente um total de 600 milhões de reais (200 milhões de euros) em combustíveis.
O Banco do Brasil deverá igualmente alargar os limites de crédito da empresa aérea, informou a imprensa local.
A direcção da Varig tenta ainda acelerar o recebimento de uma indemnização de 4,5 mil milhões de reais (1,5 mil milhões de euros) do Governo brasileiro.
A indemnização já determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, refere-se ao prejuízo causado à Varig pela proibição de aumentos das tarifas determinada pelo Governo brasileiro, entre 1985 e 1992.
Nessa quarta-feira, a International Finance Leasing Corporation (IFLC) pediu à Varig a devolução de 11 aviões operados pela companhia brasileira por falta de pagamento.
A IFLC, controlada pela AIG International, exige a devolução das aeronaves Boeing, cinco modelos 737, quatro 757 e dois 777, esses últimos utilizados nos voos internacionais da empresa brasileira.
Em Janeiro de 2003, a Justiça francesa, a pedido da IFLC, reteve um avião da Varig durante três dias no Aeroporto Internacional de Paris, por falta de pagamento.
Actualmente, a brasileira Varig detém uma frota de 82 aeronaves para transporte de passageiros, todas arrendadas em contratos de leasing com empresas estrangeiras.