Época da instabilidade global. Tarifas de Donald Trump já estão em vigor

por Joana Raposo Santos - RTP
Os países da UE deverão aprovar esta quarta-feira as primeiras medidas de retaliação contra as tarifas de Trump. Foto: Nathan Howard - Reuters

As tarifas "recíprocas" de Donald Trump a quase duas centenas de países e territórios entraram em vigor esta quarta-feira, incluindo as taxas de 104 por cento aplicadas a produtos chineses. Com a inflexibilidade do presidente dos Estados Unidos, aumentam os receios de recessão e permanecem as dificuldades nas bolsas a nível global.

Desde que Trump anunciou as tarifas na passada quarta-feira, o índice S&P 500 sofreu a maior perda desde a sua criação, na década de 1950.

As obrigações de referência mundiais, ativos considerados relativamente seguros, também foram apanhadas na turbulência do mercado na quarta-feira, verificando-se uma venda forçada em massa que deixou em sobressalto os investidores.

Nas ações europeias e norte-americanas prevê-se que a instabilidade permaneça, depois de na maior parte da Ásia as bolsas abrirem com maus resultados esta manhã. As ações chinesas, no entanto, mantiveram-se firmes devido aos apoios do Estado para combater as tarifas.
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Donald Trump ignorou na terça-feira o profundo impacto das suas taxas nos mercados globais e deixou os investidores na dúvida sobre se as tarifas vão permanecer a longo prazo, já que as descreveu como "permanentes" mas referiu que estão a pressionar outros líderes a pedir negociações.
Perspetivas de acordos

A Administração de Donald Trump já agendou conversações com a Coreia do Sul e o Japão, dois aliados próximos e grandes parceiros comerciais dos EUA. Também a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, deverá visitar Washington na próxima semana.

O vice-primeiro-ministro do Vietname, país atingido por algumas das taxas mais elevadas, deverá falar com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessentlater, esta quarta-feira.

"Temos muitos países que querem fazer acordos", declarou o líder norte-americano na Casa Branca na terça-feira, acrescentando mais tarde que espera que Pequim também tente negociar.

A China será dos países mais afetados pelas taxas, com os Estados Unidos a taxarem 104 por cento sobre as suas importações. Esta quarta-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros reiterou que o país "nunca aceitará este tipo de bullying" e que irá tomar medidas.

Segundo fontes da agência Reuters, os principais líderes políticos chineses deverão reunir-se já hoje para definirem medidas de impulsionamento da economia e estabilização dos mercados.Risco de recessão mundial
O ministro alemão das Finanças, Joerg Kukies, alertou esta quarta-feira que a maior economia da Europa está em risco de outra recessão como resultado das tensões comerciais. O JP Morgan estima, por sua vez, que há 60 por cento de hipóteses de a economia mundial entrar em recessão até ao final do ano.

No caso da União Europeia, a taxa sobre as importações passou a ser de 20 por cento. As principais bolsas europeias abriram esta quarta-feira em baixa com quedas de cerca de três por cento. Os países da UE deverão aprovar hoje as primeiras medidas de retaliação contra as tarifas de Trump.

Por mais que as novas tarifas possam afetar a economia global, alguns economistas estimam que sejam os consumidores norte-americanos a suportar o maior peso da guerra comercial, enfrentando preços mais elevados em todos os setores.

Segundo a Casa Branca, as tarifas adicionais "permanecerão em vigor até que o presidente Trump determine que a ameaça representada pelo défice comercial e pelo tratamento não recíproco subjacente seja satisfeita, resolvida ou mitigada".

A ordem executiva acerca das taxas "também contém autoridade de modificação, permitindo que o presidente Trump aumente a tarifa se os parceiros comerciais retaliarem ou diminua as tarifas se os parceiros comerciais tomarem medidas significativas para remediar acordos comerciais não recíprocos e se alinharem com os Estados Unidos em questões económicas e de segurança nacional".

c/ agências
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