Época da instabilidade global. Tarifas de Donald Trump já estão em vigor
As tarifas "recíprocas" de Donald Trump a quase duas centenas de países e territórios entraram em vigor esta quarta-feira, incluindo as taxas de 104 por cento aplicadas a produtos chineses. Com a inflexibilidade do presidente dos Estados Unidos, aumentam os receios de recessão e permanecem as dificuldades nas bolsas a nível global.
As obrigações de referência mundiais, ativos considerados relativamente seguros, também foram apanhadas na turbulência do mercado na quarta-feira, verificando-se uma venda forçada em massa que deixou em sobressalto os investidores.
A Administração de Donald Trump já agendou conversações com a Coreia do Sul e o Japão, dois aliados próximos e grandes parceiros comerciais dos EUA. Também a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, deverá visitar Washington na próxima semana.
O vice-primeiro-ministro do Vietname, país atingido por algumas das taxas mais elevadas, deverá falar com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessentlater, esta quarta-feira.
"Temos muitos países que querem fazer acordos", declarou o líder norte-americano na Casa Branca na terça-feira, acrescentando mais tarde que espera que Pequim também tente negociar.
A China será dos países mais afetados pelas taxas, com os Estados Unidos a taxarem 104 por cento sobre as suas importações. Esta quarta-feira, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros reiterou que o país "nunca aceitará este tipo de bullying" e que irá tomar medidas.
Segundo fontes da agência Reuters, os principais líderes políticos chineses deverão reunir-se já hoje para definirem medidas de impulsionamento da economia e estabilização dos mercados.Risco de recessão mundial
O ministro alemão das Finanças, Joerg Kukies, alertou esta quarta-feira que a maior economia da Europa está em risco de outra recessão como resultado das tensões comerciais. O JP Morgan estima, por sua vez, que há 60 por cento de hipóteses de a economia mundial entrar em recessão até ao final do ano.
Por mais que as novas tarifas possam afetar a economia global, alguns economistas estimam que sejam os consumidores norte-americanos a suportar o maior peso da guerra comercial, enfrentando preços mais elevados em todos os setores.
Segundo a Casa Branca, as tarifas adicionais "permanecerão em vigor até que o presidente Trump determine que a ameaça representada pelo défice comercial e pelo tratamento não recíproco subjacente seja satisfeita, resolvida ou mitigada".
A ordem executiva acerca das taxas "também contém autoridade de modificação, permitindo que o presidente Trump aumente a tarifa se os parceiros comerciais retaliarem ou diminua as tarifas se os parceiros comerciais tomarem medidas significativas para remediar acordos comerciais não recíprocos e se alinharem com os Estados Unidos em questões económicas e de segurança nacional".
c/ agências