Entrevista Telejornal. Ministro das Finanças admite que choque fiscal não vai além dos 200 milhões
O novo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, esteve no Telejornal a explicar o programa apresentado ao Parlamento da República e aprovado esta sexta-feira.
O ministro das Finanças descreveu o programa do governo como "reformista", para "transformar a economia no sentido do crescimento".
A proposta deverá beneficiar sobretudo as "famílias da classe média, quem ganhe acima de mil euros, mil quinhentos, dois mil euros", afirmou.
Miranda Sarmento negou que o desagravamento seja uma consequência do orçamento socialista, lembrando anteriores propostas no mesmo sentido feitas pelos social-democratas na anterior legislatura e "chumbadas pela anterior maioria absoluta".
"Estamos junto dos portugueses a cumprir já uma promessa ainda antes de se saber que ia haver eleições", afiançou, sublinhando que o agora como governo o PSD foi ainda mais além do proposto em 2023. "Baixar substancialmente o IRS, sobretudo para as famílias da classe média".
Rendimento Jovem mais simples
Miranda Sarmento referiu ainda que o Rendimento Jovem alargado até aos 35 anos vai gerir-se por regras "completamente diferente" das do anterior governo, tendo sido apresentada em junho de 2022.
Vai ser ainda introduzida na proposta do executivo, "a isenção para o primeiro ano de trabalho", a única regra do atual regime que se irá manter.
"Tudo o resto desaparece", acrescentou Miranda Sarmento, sublinhando a simplicidade da medida.
"Preferencialmente, a evolução do salário mínimo ao longo do tempo, no longo prazo, deve acompanhar o crescimento económico e a produtividade", explicou, adiantando que "face às condições atuais do mercado de trabalho, nós temos o compromisso de clocar o salário mínimo em mil euros em 2028", alinhando com as previsões do executivo.
Sendo que há margem para esta subida prevista, mesmo que as condições fiquem "abaixo" do esperado.
"Agnóstico" sobre a TAP
Sobre a privatização, total ou parcial da transportadora aérea portuguesa, TAP, Miranda Sarmento escusou adiantar a solução, remetendo para uma decisão "em Conselho de Ministros" sem revelar preferências.
Nessa questão "sou agnóstico", afirmou, "a minha preferência é a que defenda o interesse público".
Deixou contudo duas garantias. O hub de Lisboa será para manter e o executivo irá procurar o "maior encaixe financeiro", que permita recuperar "se não o encaixe de 3,2 mil milhões que lá foram colocados", pelo menos "uma grande parte".
O ministro sublinhou ainda que "estabelecer prazos ou condições à priori é condicionar o governo, e o interesse público, naquilio que é uma negociação difícil", lembrando que "na prática" neste momento "há apenas três interessados" na TAP.
Quanto à governabilidade e a propósito das propostas apresentadas esta sexta-feira pelo Partido Socialista, Miranda Sarmento considerou que o sistema funciona melhor "com um bom governo e uma boa oposição", com "responsabilidade de ambas as partes" e diálogo-
Nesse sentido, o ministro prometeu olhar "para todas as propostas, estas do PS e as que possam surgir". O objetivo é estabelecer "pontes possíveis com todos os partidos da oposição, sem excluir ninguém", em nome de um país "governável".
"A pior coisa que poderia acontecer ao país e aos portugueses", afirmou, "era estarmos permanentemente em eleições", algo que "não ajuda nem ao clima económico, nem à paz social nem ao bem-estar do portugueses".