Entrevista à RTP. Costa e Silva quer "mais Estado na Economia"

por RTP

António Costa e Silva passou o 25 de Abril a elaborar um plano geral de resposta ao day after da quarentena provocada pela pandemia de Covid-19. O gestor da petrolífera Partex tem estado a trabalhar nessa missão nas últimas semanas. Este programa para a economia pós-Covid deverá estar concluído quando o Governo aprovar o orçamento suplementar.

"Escrevi mais ou menos o plano na cabeça e depois nos dois dias seguintes pu-lo em papel", explicou o gestor em entrevista no Telejornal.

Nesse resumo ficaram desde logo estabelecidos alguns "eixos estratégicos" que Costa e Silva considera "muito importante discutir". A reindustrialização do país é fulcral, refere.

"O país tem recursos e deve apostar nesses recursos", defende.

O primeiro eixo, adaptado "aos recursos financeiros que existirem", é "apostar nas infraestruturas físicas do país, modernizá-las todas".

"Qualificar a rede viária", "construir um hub portuário", rever a gestão das redes energéticas e do ambiente, assim como a distribuição de água, cabem neste âmbito, conforme referiu Costa e Silva.

O segundo eixo debruça-se sobre as infraestruturas digitais, de forma a acabar com as desigualdades de cobertura reveladas durante a pandemia.

O gestor propõe "acelerar a transição digital", "estender a fibra ótica a todo o território nacional" e "aumentar as competências digitais" da população, sobretudo na Função Pública, e incluindo ainda "um grande programa para as pequenas e médias empresas".

O terceiro eixo passa pelo reforço e qualificação do Serviço Nacional de Saúde, passando por "apostar em equipamentos, em recursos humanos e ver todo o sistema de assistência da saúde", que pode ser "potenciada".

O plano foi "concebido para a próxima década", revelou Costa e Silva, aproveitando os fundos europeus. Contém ainda planos para o imediato e médio prazos.

O primeiro objetivo é "salvar a Economia e proteger o emprego", através de "uma intervenção forte do Estado".

"Esta crise mostrou que o papel do Estado tem de ser revalorizado", referiu e aconselhou de imediato ter "mais Estado na Economia", adiantando que este "é o último protetor de todo o tipo de ameaças".

Apesar de acreditar no mercado e nas empresas como cerne da resposta, António Costa e Silva acredita que "o Estado tem de intervir".

"Não podemos deixar que empresas que podem ser rentáveis se afundem e entrem em estado de coma", referiu.

Para o gestor será necessário para isso garantir o emprego, apostar na qualificação, e em redes logísticas e de distribuição menos dependentes do exterior, que deverão ser reorganizadas.

António Costa e Silva admitiu no Telejornal da RTP que não conhecia António Costa antes deste o convidar. "Nunca tinha estado com ele", afirmou, quando primeiro ministro lhe telefonou a 24 de abril, a convidá-lo para almoçar em São Bento.
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