Endiama e Taaden assinam acordos que concluem saída da Alrosa de Catoca e Luele
A saída da empresa de diamantes russa Alrosa das minas de Catoca e Luele, em Angola, foi hoje formalizada com três contratos assinados entre a Endiama, diamantífera angolana, e a Taaden, mineira estatal da Arábia Saudita.
O presidente do conselho de administração da Endiama, José Ganga Júnior, que hoje interveio na assinatura dos contratos, explicou que a saída da Alrosa de algumas atividades empresariais em Angola se deveu a dificuldades de funcionamento dos empreendimentos detidos parcialmente pela multinacional russa, devido às sanções de que a Rússia é alvo.
"O que fizemos foi, durante mais de 15 meses, trabalhar no sentido de encontramos uma saída que permitisse viabilizar a atividade principal desses dois projetos, o Catoca e o Luele, que, por si só, representam a espinha dorsal da atividade diamantífera em Angola", disse o responsável, frisando que as duas minas representam mais de 80% da produção de diamantes em Angola.
O presidente da Endiama destacou a importância significativa destas duas minas e o trabalho feito para que esta mudança não provocasse "constrangimentos à atividade operacional das empresas".
Segundo José Ganga Júnior, a participação do Estado na Sociedade Mineira de Catoca mantém-se, com a Endiama a deter 59% do capital social e os restantes 41% agora detidos pela Taaden.
Relativamente à Sociedade Mineira do Luele, a Endiama, o Fundo Social das Forças Armadas, o Fundo Social do Catoca e o Fundo Social do IGEO contam com 51% e a Taaden com 49%.
Quanto ao projeto da Hidrochicapa (Sociedade Concessionaria do Aproveitamento Hidroeléctrico do Chicapa), onde a Alrosa tinha a concessão da exploração do AHCI (Aproveitamento Hidroelétrico do Chicapa I), com uma potência instalada de 16 megawatts, na província da Lunda Sul, o seu património transita integralmente para a Sociedade Mineira do Luele.
Por sua vez, o presidente do conselho de administração da Taaden, Abdul Aziz al Maqbali, considerou o momento histórico para os dois países e uma oportunidade "muito interessante" para a empresa.
"É um momento muito feliz para nós e o que nós queremos é continuar a desenvolver um bom trabalho com a Endiama para contribuir para o desenvolvimento do país", disse Abdul Aziz al Maqbali, sublinhando que as negociações para estes projetos "aconteceram única e exclusivamente com a Endiama".
Abdul Aziz al Maqbali escusou-se a avançar o montante de investimento para o arranque das operações, garantindo que a presença em Angola não é "para tirar", mas sim "para investir".
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, disse que o processo de saída da Alrosa teve duas fases, a primeira a nível governamental, no sentido de se encontrar uma solução "para o que estava a afetar o setor diamantífero de Angola", e a segunda, já sem o envolvimento da Alrosa, com o novo parceiro.
"Hoje concluímos então esta segunda fase com a assinatura dos acordos entre a Taaden e a Endiama", vincou o governante angolano, acrescentando que o contexto da indústria diamantífera mundial alterou-se, "não só devido às sanções, mas também a uma maior presença dos diamantes artificiais ou sintéticos".
O ministro rejeitou quaisquer "implicações diplomáticas", frisando que a saída da Alrosa foi "consensual".
"Não há nenhuma fricção diplomática em relação ao nosso parceiro anterior, pelo contrário, posso aproveitar esse momento para dar os parabéns às equipas dos três países que estiveram envolvidas nas duas fases", referiu.