Empresas cotadas no PSI 20 entregam mais de metade dos lucros aos accionistas em 2008

por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Lisboa, 12 Mai (Lusa) - As empresas cotadas no índice de referência da bolsa portuguesa, PSI 20, vão pagar mais dividendos em 2008 aos accionistas do que no ano anterior, entregando-lhes metade dos seus lucros.

Numa ocasião em que a grande maioria das empresas já está a pagar os dividendos, os cálculos feitos pela agência Lusa mostram que relativamente ao exercício de 2007 as empresas do PSI 20 contam entregar aos accionistas 2,7 mil milhões de euros, mais 3,2 por cento que no ano anterior.

Estes cálculos comparam um universo diferente das empresas que integram o PSI 20, tendo em conta que a composição do índice sofreu alterações.

A Cofina, a Impresa e a Novabase saíram do índice, tendo sido substituídas pela Teixeira Duarte, REN e Soares da Costa.

Feitas as contas, as empresas do PSI 20 vão distribuir este ano 52 por cento dos seus lucros pelos accionistas, face aos 44 por cento entregues em 2007.

Do lucro total obtido pelas cotadas de 5,5 mil milhões de euros, 2,7 mil milhões de euros vão para os bolsos dos accionistas.

No ano anterior, os lucros totais ascenderam a 4,7 mil milhões de euros, dos quais 2,2 mil milhões de euros foram entregues aos detentores das acções.

Em média, o valor do dividendo por acção que vai ser pago este ano é 0,19 euros, apenas mais um cêntimo do que no ano anterior.

Em termos de melhores desempenhos, a EDP foi a cotada do PSI 20 que obteve um lucro maior (907 milhões de euros), mas foi a Zon Multimédia que melhor remunerou os seus accionistas.

A operadora de telecomunicações, que se separou da Portugal Telecom no final do ano passado, lucrou em 2007 quase 50 milhões de euros, mas entregou aos accionistas 155 milhões de euros, o que representa um "payout" (rácio de dividendos pagos face ao lucro) de 316 por cento.

Este elevado "payout" é uma situação pouco comum, em que a empresa distribui mais do que a totalidade dos lucros, mas a Zon optou este ano por ter esta política, depois da nova equipa de gestão ter assumido funções, após o falhanço da OPA e numa altura em que a empresa tem uma dívida muito reduzida.

No início do ano, responsáveis da Zon anunciaram que a operadora pagaria um dividendo ordinário de 0,2 euros e um outro extraordinário de 0,3 euros, admitindo que o dividendo pudesse vir a descer nos anos futuros, conforme as necessidades de liquidez da empresa.

No ano anterior, a Zon distribuiu 92 por cento do resultado líquido pelos accionistas.

A Brisa foi a segunda empresa com o maior "pay-out", nos 73 por cento, valor ainda assim bem abaixo dos 96 por cento registados no ano anterior.

Destaque ainda para o "pay-out" de 70 por cento da PT, depois da empresa, como forma de se proteger da oferta pública de aquisição lançada pela Sonaecom, ter prometido elevadas remunerações aos accionistas.

Apesar do resultado líquido da PT ter caído 14 por cento, com o lucro por acção a baixar 10 cêntimos para 0,47 euros, o "pay-out" aumentou nove pontos percentuais.

As empresas com "pay-out" mais baixos foram a Teixeira Duarte (seis por cento) e a Altri (14 por cento), com a construtora a manter esse rácio face ao ano anterior.

No caso da empresa industrial, que teve um dos mais baixos lucros no universo do PSI20, o "payout" caiu cinco pontos percentuais, apesar do lucro ter aumentado 31 por cento.

A Sonaecom e a Soares da Costa foram as únicas cotadas do índice que não pagaram dividendos, à semelhança do ocorrido no ano anterior.

Há estratégias de investimento que replicam os índices, pelo que estes dados tratados pela Lusa mostram que quem estivesse investido em 2007 no PSI20 tinha sido melhor remunerado do que no ano anterior.

TSM/IRE

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