Empresários de Famalicão reclamam fim do "tormento" chamado Estrada Nacional 14

por Lusa

Os constrangimentos de tráfego na Estrada Nacional 14 (EN14) são descritos por empresários como "um tormento" que os poderá levar a "atrasar" investimentos, indicaram à Lusa alguns dos "gigantes" da exportação de Vila Nova de Famalicão.

Em causa está uma estrada que liga Famalicão, Trofa e Maia, concelhos do distritos de Braga e Porto, e sobre a qual está em projeto a construção de uma variante alternativa que, apesar dos anúncios, "parece", criticam os empresários, "não sair do papel".

A Continental Mabor - a quarta maior empresa exportadora do país - coloca diariamente na estrada 400 camiões TIR que saem de uma unidade fabril que regista uma faturação superior a 800 milhões de euros e produz mais de 700 milhões de pneus ao ano.

Na última sexta-feira, aquando da visita às instalações de Lousado, do ministro da Economia, o presidente do conselho de administração da Mabor, Pedro Carreira, garantiu que "não se calaria" em relação à necessidade de criação de melhores acessibilidades.

Já em declarações à Lusa, o administrador da Cup&Saucer - que a par de empresas como a Leica, o Grupomar, a Caixiave, a Tiffosi, a Salsa, a Tesco, e a Arga Tintas também se localiza na zona, exportando para 55 países - Ângelo Mesquita descreveu um cenário "desesperante".

"É um tormento fazer seis a nove quilómetros nunca em menos de meia hora", disse o administrador da maior produtora de chávenas da Europa com instalações em Famalicão e em Alcobaça, num total de 800 trabalhadores, 200 dos quais no concelho minhoto.

"O Governo, nem este, nem os anteriores, apresentou algo de palpável. Não reivindicamos ajudas nem dinheiro, reivindicamos que resolvam o problema para continuarmos a trabalhar", referiu.

O empresário contou, aliás, ter a possibilidade de criar mais postos de trabalho na unidade famalicense mas admitiu que "às vezes" encaminha encomendas para Alcobaça por não ter "margem de acessos" em Famalicão.

Esta preocupação foi replicada à Lusa pelo administrador da Caixiave, Carlos Sá, que diz aguardar uma variante à EN14 "há mais de 20 anos", lamentando que atualmente a rota de uma empresa que produz janelas eficientes e tem expectativa de vir a faturar 15 milhões de euros seja feita por zonas rurais e estradas municipais.

"O acesso ao eixo principal [autoestrada A3] pode demorar uma hora. Nesta zona há várias intenções de investimento mas também algum receio devido aos acessos", descreveu.

A empresa gerida por Carlos Sá emprega atualmente 260 pessoas mas se vier a implementar um plano de expansão graças a "um grande projeto que está quase contratualizado", conforme descreveu o responsável, poderá crescer entre cinco a seis metros quadrados, criando 100 novos postos de trabalho.

"Estamos com algum receio porque vamos triplicar o acesso de tráfego pesado à nossa indústria", afirmou.

A 25 de janeiro a câmara de Famalicão, presidida por Paulo Cunha, anunciou uma candidatura a fundos europeus, no âmbito do Portugal 2020, de um eixo rodoviário para servir a zona sul do concelho, uma ideia "sustentada" na projeção de que empresas ali localizadas venham a fazer investimentos na ordem dos 250 milhões de euros.

Nessa data, numa cerimónia de assinatura de protocolos, Celso Lopes, responsável pela Irmãos Vila Nova - empresa que detém entre outras, a marca Salsa, tendo lojas fora do país, nomeadamente no Médio Oriente - afirmou que as "infraestruturas rodoviárias atuais não estão adequadas à realidade", obrigando a um "planeamento complexo para fugir aos horários de maior fluxo de trânsito".

Quanto ao projeto global, a alternativa à EN14, este foi apresentado em janeiro de 2015 pelo então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, tendo sido avançado que custaria cerca de 36 milhões de euros, devendo estar concluído em 2018.

A anteceder este anúncio, em abril de 2014, as câmaras de Famalicão, Trofa e Maia realizaram uma conferência de imprensa conjunta na qual reivindicaram a construção da "prometida variante" EN14.

Segundo dados apresentados na sessão, esta estrada tem um tráfego médio diário superior a 25 mil veículos, dos quais 20% são pesados.

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