O presidente do Foment del Treball, a maior confederação patronal catalã, disse hoje no Porto que pretende reforçar "a ponte aérea industrial" da cidade com a Catalunha, mantendo também reuniões com associações representativas da indústria nortenha e portuguesa.
"Esta visita, e é a terceira vez que nos vemos num ano, vai na direção de reforçar a ponte aérea industrial entre duas grandes cidades cosmopolitas, próximas do mar, como são Barcelona e o Porto", disse hoje Josep Sánchez Llibre, presidente do Foment, na Câmara do Porto.
O responsável catalão, bem como uma equipa do Foment del Treball, realizam esta semana visitas com representantes políticos e empresariais do Porto e Norte de Portugal, como a Associação Empresarial de Portugal (AEP) e a Fundação SEDES, além da receção de hoje na Câmara do Porto.
Para Josep Sánchez Llibre, o encontro de hoje pode potenciar uma relação em que os empresários de Barcelona "projetem, conjuntamente com os empresários do Porto", a entrada "em países onde os portugueses têm uma grande incidência", como em África, e "também intensificar relações entre Barcelona, o Porto e a China".
"Ao mesmo tempo, colocamos à disposição do município do Porto e dos empresários do Porto todas as plataformas onde os empresários catalães têm uma incidência mais assinalável, como outros países mais centrais da Europa, [ou] como os países latinoamericanos", referiu.
Questionado sobre a necessidade de afirmar as regiões da Europa como polos industriais, Josep Sánchez Llibre disse que "urge, mais que nunca, que a Europa carregue as pilhas imediatamente e atue como um verdadeiro Estado dos Estados europeus", seguindo o relatório recentemente elaborado pelo ex-presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi.
Já o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, salientou "o desafio lançado do outro lado da Península Ibérica" relativamente à afirmação das cidades de Barcelona e Porto, num território "que precisa de desenvolver laços de cooperação que não têm sido possíveis".
"Numa Europa que cada vez mais precisa de se afirmar como um poder, é imperativo que Portugal e Espanha aproveitem as sinergias que têm entre si, e que não fiquem presas (...) ou reféns de velhas querelas", destacou o autarca independente do Porto.
Para Rui Moreira, deve existir "uma estratégia de afirmação de dois países numa União Europeia e numa Europa que neste momento está a viver profundas convulsões", numa "aliança estratégica" que é "mais fácil de reproduzir ou de construir a partir de duas cidades cosmopolitas como são Barcelona e o Porto, porque não vivem com os constrangimentos das capitais".
Porém, o autarca referiu que estas duas cidades não querem "excluir ninguém", trazendo Lisboa e Madrid ao diálogo, mas demonstrar que a Península Ibérica, "que é quase um quadrado perfeito, não tenha apenas dois polos".
Disso exemplo é a vontade de organizar uma cimeira "empresarial e municipal" das quatro áreas metropolitanas, em Barcelona, em 2025, elencada por Josep Sánchez Llibre.
"A partir de hoje entraremos em contacto com os municípios de Lisboa, Madrid e Barcelona para que este ato se possa celebrar em Barcelona na primeira semana de abril de 2025", disse o responsável catalão.
No âmbito dos contactos estabelecidos, foi também lançado o desafio ao Porto de replicar o dia de Sant Jordi, uma festividade catalã celebrada em 23 de abril que junta a venda de livros e de rosas.
"Barcelona vem à rua fazer duas coisas: montar bancas em todas as ruas, há famílias, há livreiros, há editores que vêm apresentar os seus livros, e ao mesmo tempo vender rosas. O desafio que nos foi lançado foi se nós estamos disponíveis para replicar aqui essa experiência", explicou Rui Moreira.
O autarca aventou que tal poderia acontecer no contexto do "sucesso da Feira do Livro nos últimos anos", numa lógica de abertura da estratégia municipal de cultura aos países "irmãos e vizinhos".