O empresário Elon Musk, que se prepara para concluir a compra do Twitter, procurou tranquilizar os anunciantes, ao assegurar que quer permitir todas as formas de expressão na rede social sem a tornar numa plataforma "infernal".
É "importante para o futuro da civilização ter uma praça pública 'online' onde uma grande variedade de opiniões pode debater de forma saudável, sem recorrer à violência", sublinhou o dono da Tesla, numa mensagem dirigida especificamente às empresas que compram publicidade na rede social.
"Dito isso, o Twitter obviamente não pode ser um lugar infernal aberto a todos, onde qualquer coisa pode ser dita sem consequências", acrescentou.
A compra do Twitter pelo bilionário ainda não está oficialmente concluída, mas há vários sinais de que o negócio está em andamento e que, salvo mais uma reviravolta, a saga de meses entre o empresário e a rede social deve chegar ao fim.
Esta quarta-feira, Elon Musk entrou na sede daquela rede social em São Francisco, nos Estados Unidos, com uma pia.
Numa publicação no Twitter, o filantropo que tem três nacionalidades diferentes (sul-africano, canadiano e norte-americano) escreveu: "Entering Twitter HQ - let that sink in!", que em português traduz-se para algo como "A entrar na sede do Twitter -- reflitam".
O empresário também mudou o seu perfil no Twitter, referindo-se como "Chief Twit", sendo que em inglês "twit" significa "idiota", e mudou a sua localização para a sede da rede social em São Francisco, dando indícios da conclusão do negócio.
Segundo o Wall Street Journal, os bancos participantes no financiamento da operação começaram a enviar o dinheiro.
Além disso, a Bolsa de Valores de Nova Iorque, onde o Twitter está listado, referiu num aviso que as ações da plataforma foram suspensas antes da abertura das negociações.
O acordo de 44 mil milhões dólares (cerca de 43,6 mil milhões de euros) de Musk para tornar a rede social sua propriedade tem prazo até esta sexta-feira, definido pelo Tribunal de Delaware no início de outubro.
Contornos do negócio
Caso contrário, irá ocorrer um julgamento entre as partes em novembro.
Este negócio arrasta-se desde o anúncio, no final de abril, de uma oferta de aquisição por parte de Elon Musk, aceite com relutância pelo Twitter.
O empresário tentou sair unilateralmente no início de julho, acusando a empresa de ter mentido, mas a rede social avançou com uma ação judicial.
Poucos dias antes da abertura de um processo que o Twitter parecia a caminho de vencer, Elon Musk ofereceu-se para concluir a transação pelo preço inicialmente acordado.
Acérrimo defensor da liberdade de expressão, o empresário já manifestou vontade em flexibilizar a moderação de conteúdos, reacendendo preocupações sobre um possível ressurgimento de abusos e desinformação na plataforma.
Como exemplo, Musk abriu as portas para o regresso de Donald Trump, expulso do Twitter logo após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021.
Esta posição desencorajou os anunciantes, que muitas vezes procuram conteúdo consensual. Em 2021, as receitas publicitárias da empresa, que representaram cerca de 90% do volume de negócios, já caíram significativamente, entre a incerteza em torno da aquisição, o abrandamento da economia e as mudanças feitas pela Apple.
Há um "grande perigo" de crescente polarização nas redes sociais com a proeminência de conteúdo de extrema-direita e extrema-esquerda, apontou.
"Além de respeitar as leis, a nossa plataforma deve ser calorosa e acolhedora para todos", sublinhou o empresário aos anunciantes.