Na próxima 2ªfeira, a Pordata apresenta um retrato da evolução histórica das eleições e da perceção dos portugueses sobre a política. Dessa análise e sem querer revelar o conteúdo do estudo, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Gonçalo Matias realça o facto de existir um decréscimo constante da participação eleitoral, sendo 2019 o pior ano, ao ficar abaixo dos 50 por cento e sendo a principal causa, a partida para o estrangeiro de jovens que optaram, por uma vez lá fora, não se recensearem.
Gonçalo Matias vê na apresentação do estudo, em plena campanha eleitoral, uma justificação para apelar ao voto e recusa qualquer tentativa de condicionar a campanha.
Gonçalo Matias diz que não há uma crise de regime ou institucional. Os dados que têm sido compilados pela Pordata não revelam isso. Os portugueses em geral, em media, até estão satisfeitos com a sua democracia. O que há, isso sim, é um descontentamento pontual com determinados comportamentos e em particular com a corrupção.
Sobre este aspecto lembra um estudo já efetuado pela Portada, segundo o qual, para a população e ao contrário do que pensam os políticos, não é suficiente que se cumpra a lei, isso não basta, também é preciso que os políticos tenham um comportamento ético adequado.
Lembra ainda a propósito das últimas manifestações das forças de segurança que os estudos revelam que o grau de confiança dos portugueses nas forças de segurança e na instituição militar é mais elevado quando comparado com juízes ou políticos.
Nesta entrevista, o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos diz ainda que não há nenhum estudo que prove que há uma ligação entre o aumento da imigração e da criminalidade e por isso considera que "é fundamental dizer a verdade" e que "não pode haver manipulação dos medos".
Gonçalo Matias fez as contas para concluir que o número de imigrantes em Portugal pode continuar a aumentar, uma vez que os 800 mil existentes correspondem apenas a 7 por cento da população. No entanto, considera que esse aumento tem de ser feito de uma forma regulada para garantir dignidade a quem procura o país.
Ao contrário do que se possa pensar, esclarece, dos 118 mil imigrantes que o ano passado entraram em Portugal, 50 por cento tinham a nacionalidade portuguesa.
Entrevista de Rosário Lira (Antena1) e Vítor Rodrigues Oliveira (Jornal de Negócios)