A edição de 2005 do relatório anual da competitividade mundial do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Gestão (IMD), hoje divulgada, consagra a economia dos Estados Unidos da América (EUA) como a mais competitiva.
A distinção da economia norte-americana, que repete a posição cimeira da edição anterior, assenta em centenas de critérios, agrupados em quatro factores de competitividade: desempenho económico, eficiência governamental, eficiência empresarial e infra-estruturas.
Nos factores mencionados, os EUA lideram no desempenho económico e nas infra-estruturas, onde repetem a liderança, caem da terceira para a quarta posição na eficiência empresarial e recuperam da 16.ª para a 14.ª posição na eficiência governamental.
O IMD realça que a competitividade norte-americana "é um paradoxo".
A consideração é justificada, por um lado, com a redução da sua taxa de crescimento, para 3,5 por cento em 2005, e, por outro, com a acumulação de uma dívida massiva, que excede oito biliões [milhão de milhões] de dólares e progride a uma velocidade de 2,1 mil milhões de dólares por dia.
Acresce que o défice comercial, que assume foros de "crónico", ascendeu a 828 mil milhões de dólares em 2005, correspondente a 6,6 por cento do produto interno bruto (PIB) e o défice orçamental a 318 mil milhões de dólares neste mesmo ano, o que representa 2,5 por cento do PIB.
A explosão da titularidade estrangeira da dívida pública norte- americana foi o resultado deste endividamento.
Estima-se que os estrangeiros possuam um `stock` de dívida pública dos EUA na ordem dos 2,2 biliões de dólares.
Os maiores compradores são bancos centrais, designadamente o da China, que tem 247 mil milhões de dólares aplicados na dívida pública dos EUA.
A propósito, o IMD considera "notável que a maior nação comunista do mundo se torne em breve o credor principal da maior nação capitalista do mundo".
A conjugação da dimensão do défice orçamental norte-americano com a dependência da poupança estrangeira para o financiar motiva a preocupação dos analistas do IMD.
O documento destaca em particular os sinais oriundos da China que apontam para uma diversificação de investimentos, designadamente um crescente investimento directo no estrangeiro para assegurar fontes de energia.
Os autores do documento prevêem que o défice orçamental dos EUA já tem dimensão suficiente para que se torne uma prioridade de topo da Administração.
A segunda economia mais competitiva é a de Hong Kong, que mantém a posição do ano anterior, tal como Singapura, que surge no terceiro posto.
As economias dos 15 Estados da União Europeia anterior ao alargamento de 2004 melhor posicionadas são as da Dinamarca, que sobe do 7.º para o 5.º lugar, do Luxemburgo, que melhora um lugar para o 9.º, e da Finlândia, apesar de cair quatro posições para o 10.º lugar.
Surgem depois as de Irlanda (sobe de 12.º para 11.º), Áustria (passa de 17.º para 13.º), Suécia (mantém 14.º), Países Baixos (cai de 13.º para 15.º), Reino Unido (sobe de 22.º para 21.º), Alemanha (cai três posições para 26.º), Bélgica (baixa três posições para 27.º), França (cai cinco posições para 35.º), Espanha (sobe dois lugares de 38.º para 36.º), Grécia (que sobe oito lugares para 42.º), Portugal (melhora de 45.º para 43.º) e Itália, que encerra a lista na 56.ª posição, em perda de três posições face à listagem anterior.
A edição 2006 do IMD cobre 61 economias - mais uma do que na edição anterior -, divididas em 53 países e oito regiões, a saber, Baviera, Catalunha, Ilha de França, Lombardia, Maharashtra (Índia), Escócia, Estado de São Paulo e Zhejiang, na China.
O IMD publica este anuário sobre competitividade desde 1989 de forma ininterrupta.
Os `rankings` são baseados em 312 critérios.
Estes dividem-se em 126 indicadores estatísticos extraídos de informação disponibilizada por organizações internacionais, nacionais e regionais, 113 baseados em inquéritos de opinião e 73 que são apresentados como informação de `background` mas não utilizados na construção das ordenações.
Os primeiros pesam dois terços do total e os do inquérito, respondido por 4.055 líderes de opinião, como professores universitários, empresários, gestores, sindicalistas, políticos, personalidades da cultura e ciência, o terço restante.
Todos estão agrupados em quatro factores de competitividade, a saber, o desempenho da economia, que mobiliza 77 critérios, a eficiência do governo (72), a das empresas (68) e a infra-estrutura, que mobiliza 95 critérios.
O primeiro inclui economia doméstica, comércio internacional, investimento internacional, emprego e preços.
O segundo desdobra-se em finanças públicas, política fiscal, ferramentas institucionais, legislação para empresas e enquadramento social.
O factor relativo à eficiência das empresas inclui produtividade, mercado de emprego, finanças, práticas de gestão e atitudes e valores.
O último tem como sub-factores as infra-estruturas básicas, tecnológica e científica, saúde, ambiente e educação.