Dólar sobe face ao real para valor de maio de 2020 depois de decisão sobre Lula da Silva
O dólar subiu hoje face ao real para o nível mais elevado desde maio do ano passado, para 5,87 reais por dólar, devido à evolução política na maior economia da América do Sul.
De acordo com a agência espanhola de notícias, a Efe, o dólar chegou a valor 5,87 reais na sessão matinal da bolsa de São Paulo, o que representava uma subida de 1,6% face à moeda brasileira.
O Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro anulou na segunda-feira todas as condenações do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná, relacionadas com as investigações da Operação Lava Jato.
A decisão foi tomada pelo juiz Edson Fachin, que é o relator dos casos da Lava Jato no STF, que decretou a anulação na sequência da declaração de incompetência da Justiça Federal do Paraná nos processos sobre a posse de um apartamento de luxo no Guarujá, estado de São Paulo, e de uma quinta em Atibaia, também em São Paulo, que haviam levado a duas condenações do ex-chefe de Estado brasileiro, em decisões da primeira e segunda instâncias.
Os mercados reagiram negativamente à decisão e o dólar terminou a sessão de segunda-feira a valer 5,77 reais, o maior nível desde finais de maio do ano passado, com a bolsa de São Paulo a cair 4,4% nessa sessão.
A evolução da bolsa e do câmbio face ao dólar foram, aliás, um dos argumentos usados pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, para criticar a decisão judicial.
"As bandalheiras que esse Governo [do Partidos dos Trabalhadores, PT] fez estão claras perante toda a sociedade. (...) Os roubos, desvios na Petrobras foram enormes, na ordem de dois mil milhões de reais (290 milhões de euros, no câmbio atual) que o pessoal na delação premiada devolveu, foi uma administração realmente catastrófica do PT no Governo", argumentou o atual chefe de Estado.
"A bolsa foi lá para baixo e o dólar foi para cima, ou seja, todos nós sofremos com uma decisão como essa", acrescentou.
De acordo com o economista André Perfeito, da corretora Necton, ouvido pela Efe, o possível regresso de Lula da Silva poderia fazer com que o atual Presidente intensifique o discurso populista e aumente o subsídio de emergência para contrapor à popularidade de Lula da Silva nos segmentos mais humildes da população.
Nas últimas semanas, o mercado já tem demonstrado alguma preocupação com o aparente relaxamento da agenda económica liberal de Bolsonaro, uma das principais bandeiras da campanha eleitoral de 2018 e que incluía reformas, privatizações e um ajustamento orçamental.