Libério Domingues, Mário Nogueira e José Manuel Oliveira, três dos oito dirigentes que hoje deixam o executivo da CGTP, após anos na liderança da maior central sindical do país, fazem um balanço positivo e sublinham que a luta vai continuar.
O XV congresso da CGTP, que se realiza hoje e sábado na Torre da Marinha, Seixal, é marcado pela renovação de um quarto dos seus dirigentes do Conselho Nacional, incluindo a secretária-geral, Isabel Camarinha, que sai por limite de idade, com 63 anos, e será substituída por Tiago Oliveira, coordenador da União de Sindicatos do Porto.
Da Comissão Executiva da CGTP sai também Mário Nogueira devido à idade (66 anos), após 16 anos nestas funções, mas mantém-se como líder da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) até terminar o mandato, daqui a cerca de ano e meio, segundo disse.
"Saio com sentimento de grande satisfação pelo facto de a CGTP continuar a ser uma organização que tem muitos jovens para precisamente irmos renovando gerações", disse Mário Nogueira em declarações à Lusa à margem do congresso, salientando que vai continuar a lutar pelos direitos dos professores na liderança da Fenprof.
Para Mário Nogueira, os principais desafios que se colocam à CGTP no mandato de 2024/2028 são "conseguir estar nos locais de trabalho e agarrar naqueles que são os anseios, os desejos das reivindicações de quem trabalha e dar-lhes expressão através da negociação da contratação coletiva, mas sempre continuando a lutar".
Também Libério Domingues, que foi coordenador da União de Sindicatos de Lisboa até novembro, quando terminou o último mandato, deixa hoje a Comissão Executiva da CGTP, 16 anos após pertencer a este órgão e depois de 30 anos no Conselho Nacional da intersindical.
"Formalizei ontem [quinta-feira] o meu pedido de aposentação do meu local de trabalho", contou Libério Domingues, que é trabalhador da Câmara Municipal de Lisboa, como estofador de automóveis.
No entanto, apesar de estar à beira da reforma, o dirigente sindical de 66 anos disse que vai continuar na atividade sindical porque, segundo afirmou, "esta é uma luta que não tem fim".
"Hoje temos uma realidade do mundo laboral que não é igual até antes da pandemia, com a generalização do teletrabalho, a `uberização` e, portanto, todas estas novas formas, a digitalização, tudo isto exige do movimento sindical uma resposta permanente e ativa e uma ligação profunda à vida dos trabalhadores e aos seus problemas", realçou Libério Domingues.
Já José Manuel Oliveira, coordenador da Fectrans - Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações deixa a Comissão Executiva da CGTP "com um sentimento de ter contribuído para um trabalho coletivo que é muito importante para os trabalhadores", mas sublinhou que há ainda muito a fazer.
Eletricista ferroviário de profissão, José Manuel Oliveira termina o mandato como coordenador na Fectrans daqui a três anos e, após quase 40 anos no movimento sindical, em abril atinge a idade legal de reforma, mas quer continuar a lutar pelos direitos dos trabalhadores.
No XV congresso da CGTP vão ser substituídos 39 sindicalistas dos 147 que integram o Conselho Nacional. Já da Comissão Executiva são substituídos oito dos 29 membros.
A CGTP tem uma regra que impede os sindicalistas de se candidatarem a um novo mandato quando têm a perspetiva de atingir a idade de reforma nos quatro anos seguintes.
Segundo dados apresentados pela CGTP no anterior congresso, em fevereiro 2020, a intersindical representa mais de 556 mil trabalhadores em todo o país.