Desacordos sobre Israel, Palestina e Trump ameaçam fusão Unilever/Ben & Jerry`s
A Ben & Jerry`s alegou que o seu presidente executivo foi destituído ilegalmente pela `holding` (empresa cabeça do conglomerado) Unilever, em retaliação pelo ativismo social e político da fabricante de gelados.
Em queixa judicial entregue ao final de terça-feira, a Ben & Jerry`s afirmou que a Unilever informou a sua administração, em 03 de março, que ia destituir e substituir David Stever.
Nos seus argumentos, a Ben & Jerry`s avançou que esta decisão violou o acordo de fusão com a Unilever, que estipula que qualquer acordo sobre a remoção do presidente executivo tem de ser antecedida de uma consulta com uma comissão da administração da Ben & Jerry`s.
A Unilever adquiriu a Ben & Jerry`s em 2000 por 326 milhões de dólares.
Na altura, a Ben & Jerry`s avançou que a parceria iria ajudar a empresa progressista baseada no Estado de Vermont a expandir a sua missão social.
Mas, ultimamente, a união não tem corrido bem. Em 2021, a Ben & Jerry`s anunciou que iria deixar de servir colonatos israelitas na ocupada Cisjordânia e no disputado leste de Jerusalém.
No ano seguinte, a Unilever vendeu o seu negócio em Israel a uma empresa local, que avançou que iria vender os produtos da Ben & Jerry`s, mas sob a sua designação em Árabe e Hebraico em Israel e na Cisjordânia.
Em maio, a Unilever disse que estava a planear fazer o `spin-off` (separação) do seu negócio de gelado, incluindo a Ben & Jerry`s, no final de 2025, como parte de uma grande reestruturação.
A Unilever também comercializa produtos de higiene, como o sabonete Dove., e alimentares, como a maionese Hellmann.
Mas a acrimónia continuou. Em novembro, a Ben & Jerry`s processou a Unilever em um tribunal federal, em Nova Iorque, acusando-a de silenciar as declarações da Ben & Jerry`s em apoio dos palestinianos, a propósito da situação na Faixa de Gaza.
Na sua queixa, a Ben & Jerry`s disse que a Unilever também recusou autorização para a fabricante de gelados divulgar mensagens nas redes sociais, onde identificava questões que acreditava irem ser problemáticas para o segundo mandato de Donald Trump, como salário mínimo, acesso universal a cuidados de saúde, abordo e rutura climática.
A queixa entregue na quinta-feira complementa esta entregue em novembro.