A Croácia é o mais recente país a integrar o sistema da moeda única, mas o advento do euro já acumula críticas da população.
As associações de consumidores que monitorizam os preços acusam os lojistas de manipular os preços para realizarem maiores lucros, informou a agência de notícias croata, HINA.
Estas organizações relataram ter recebido muitas denuncias de cidadãos acerca do aumentos de preços, especialmente no café e produtos de panificação, com
os preços a serem arredondados para cima quando sofrem a conversão de kunas para o euro.
Por exemplo,
um café num bar que custava oito kunas no fim de dezembro deveria passar a custar 1,09 euros no novo ano, mas subiu para 1,20 ou mesmo 1,5 euro, explicam.
O governo já veio disser que não tolerará aumentos de preços injustos, ponderando reduções para aqueles que estiveram fazendo mau uso da mudança e infringindo a lei.
O ministro da Economia e Desenvolvimento Sustentável, Davor Filipovic, anunciou que as
listas negras de comerciantes estão a ser "discutidas intensamente" pelo governo.
“Vamos certamente considerar a opção do Ministério da Economia criar uma 'lista da vergonha' e tornar públicos os nomes daqueles que trabalham em detrimento dos nossos cidadãos”, afirmou Filipovic.
Em novembro, a inflação na Croácia atingiu um máximo de 13,5 por cento e este novo aumento de preços deixa a população receosa.
No final do ano passado, o Banco Central e o governo tomaram medidas para reverter a tendência. Uma das medidas “para minimizar o risco de aumentos injustificados de preços” foi tornar obrigatória a exibição de preços em ambas as moedas para um controlo das novas tabelas.
“As empresas devem ter em mente o poder de compra já enfraquecido por causa da inflação, por isso os aumentos injustificados não serão uma decisão de negócios inteligente” observou o banco.
O Banco Central acrescenta que o impacto do euro na inflação será "mínimo" até porque a inflação anual tenderá a desacelerar para 7,5 por cento em 2023.
Alguns comerciantes reconhecem que houve alterações justificadas pelos arredondamentos, mas argumentam que as pessoas ainda têm dificuldades em gerir a moeda única.
“Quem aumentou os preços deveria voltar a trás, não está certo, é um desastre”, queixou-se à Euronews uma compradora num mercado em Zagreb. Um comerciante do mesmo recinto sublinha que “conversão não significa que os preços devam subir”.
Arredondamentos dominam queixas dos consumidores
Vedrana Filipović Grcic, assistente do inspetor-chefe do Estado, relatou à emissora pública HRT que nos primeiros dois dias de janeiro as autoridades receberam mais de 60 reclamações de consumidores.
“As pessoas reclamam principalmente contra diferentes áreas de serviços, donos de restaurantes e comerciantes, e principalmente por causa de suas políticas de 'arredondamento' de preços que na verdade se trata de aumentos”, declarou.
Entretanto, há centenas de inspetores que visitam estabelecimentos comerciais e mercados para controlar e evitar abusos. Em nove dias, foram aplicadas apenas duas multas, de acordo com a Euronews. E, apesar das preocupações atuais, a maioria dos croatas vê a entrada no euro como algo positivo.
“Estou feliz por ingressarmos na zona do euro, isso nos deixa de alguma forma mais integrados na União Europeia”, disse Ivanka Popek, proprietária de um salão de cabeleireiro. “Além disso, é prático, não precisamos ir às casas de câmbio caso se viaje para a Eslovênia ou Áustria”.
O salário médio na Croácia, de acordo com os dados mais recentes das autoridades de estatísticas, era de 7.745 kuna em outubro, correspondendo a € 1.028.
A Croácia é um país com menos de quatro milhões de habitantes e conquistou a independência no ano de 1991. Tornou-se membro da UE em 2013.