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Covid-19. Derrapagem no Orçamento do Estado é de 13 mil milhões de euros

por RTP
Centeno revelou ainda que nunca falou com António Costa Silva, o homem escolhido pelo primeiro-ministro para elaborar o plano de recuperação da economia Antena 1

A derrapagem no Orçamento do Estado é de 13 mil milhões de euros. O ministro das Finanças quantifica esta diferença nos números, verba que estará inscrita no Orçamento Suplementar que vai ser aprovado em Conselho de Ministros na próxima semana. Em entrevista à Antena 1, Centeno confessa ainda que nunca falou com António Costa Silva, encarregue de preparar o plano de recuperação da economia.

Em entrevista à rádio pública esta sexta-feira, Mário Centeno define o preço do investimento extraordinário que vai ser necessário fazer.

Com estes custos inesperados, Mário Centeno adianta que o défice vai disparar para mais 6 ou 7% do Produto Interno Bruto.

Quanto ao PIB, caiu 25% nos últimos dias de março e primeiros dias de abril, quando comparado com o ano passado."Isto não aconteceu nunca na nossa memória recente", afirmou.

Centeno considera, no entanto, que a crise será "temporária". "Já estamos a recuperar. As empresas estão a reagir muito bem", assegura.
Costa Silva: "Não falei com ele nunca na minha vida", diz Centeno
Centeno revelou ainda que nunca falou com António Costa Silva, o homem escolhido pelo primeiro-ministro para elaborar o plano de recuperação da economia. Questionado sobre como é possível isso, sem falar com o ministro das Finanças, Centeno apenas acrescentou que era o que podia dizer quanto a Costa Silva, afirmando não estar preocupado.
Centeno diz que o Governo tomou posse há pouco tempo. “Estamos muito focados”, afirma, dizendo que o programa de recuperação é um instrumento “muito importante porque permite colmatar as brechas no investimento e nos rendimentos provocadas por esta crise”. “Não vamos criar uma economia nova, nem um homem novo. Isso não existe”, avisa.
Sem austeridade no horizonte
Mas o ministro das Finanças nega que, no futuro próximo, os portugueses tenham de enfrentar mais austeridade.
Nesta entrevista, Mário Centeno também assumiu que, neste momento, não há condições para descer os impostos para as empresas, já que o Estado precisa dessas receitas.

Quanto às pensões, numa altura em que o sistema da Segurança Social está sobrecarregado, o ministro das Finanças rejeitou eventuais cortes no próximo ano. “Não há expetativa de implementação de cortes”, considera o ministro.

Quanto aos aumentos na Função Pública, Mário Centeno não se compromete, dizendo que isso será uma decisão do Orçamento para 2021. Mas vai dizendo que "temos de ser racionais no uso do dinheiro do Estado".
Cansado do trabalho no Governo? “De todo!”
O responsável pela pasta das finanças foi ainda questionado pela editora de Política da Antena 1, Natália Carvalho, sobre a continuidade no Governo.

Mário Centeno garante que um ministro está em funções enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro. "Não precisa de cartas de demissão", argumentando que a relação é baseada na lealdade e partilha de informação.

O ministro negou estar cansado do trabalho governamental. “De todo”, diz Centeno. “Não há nenhuma cansaço”, garante, dando como exemplo a boa colaboração e empenho no conselho de ministros de ontem.

Não quis pronunciar-se sobre uma eventual saída para o Banco de Portugal.

No entanto, deixou hipotéticos conselhos ao sucessor: a necessidade de manter rigor orçamental para estabilidade financeira do país não ficar em causa.

Quanto a garantias, diz que apenas pode garantir que “este fim de semana vai estar a trabalhar sempre para a apresentação do orçamento suplementar”.

Centeno considera que a atual crise pandémica representa um desafio intelectual, político e profissional sem igual. Questionado sobre o revés do destino que vem afastar Centeno do título de ministro do superavit, Centeno afasta essa ideia, dizendo que não interessa “medalhas ao peito de resultados orçamentais”.

O ministro volta a fazer uma citação que já tinha feito no Dia da Europa: “não somos o que nos acontece. Somos o que reagimos àquilo que nos acontece”.

“Claro que preferia não ter de responder” a esta crise, diz Centeno.


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