Coudelaria Alter Real vai ter gestão privada

por Lusa

Lisboa, 11 dez (Lusa) - A Coudelaria Alter Real vai passar a ter uma gestão privada, mantendo o Estado a propriedade e os seus direitos, anunciou hoje a ministra da Agricultura Assunção Cristas.

O anúncio foi feito no Parlamento, quando o deputado Miguel Freitas questionou a ministra sobre as alegações do vogal da Coudelaria Alter Real, António Hemetério Cruz, que se demitiu recentemente.

"Prepara-se para entregar a Coudelaria a um conjunto de grandes fundadores das Fundação ficando o Estado com todo o ónus? O Estado absorve toda a dívida da coudelaria? Como vai resolver a questão de ser a autoridade equestre nacional? E o que acontece aos funcionários?", quis saber o deputado socialista.

Na resposta, Assunção Cristas lembrou que a criação da Fundação Alter Real remonta a 2007, quando o Governo passou para uma fundação privada de fins públicos, um conjunto de ativos, o direito de usufruto e as suas responsabilidades (a nível de Autoridade Equestre Nacional, Livros Genealógico e Laboratório de Genética Molecular) .

"Nada disso foi alterado. O que está em causa é uma questão de gestão, e não da natureza jurídica da fundação com um acervo de competências que foi decidido em 2007 [no Governo de José Sócrates]", assinalou a governante que tutela a agricultura.

Assunção Cristas frisou que "a Fundação tal como está, não funciona e gera dívida e mais divida" que se situa atualmente nos 2,5 milhões de euros.

A ministra recordou que, ao longo deste processo, já tinha havido divergências entre "fundadores que manifestaram interesse em continuar e outros que acharam que não tinha viabilidade" e numa reunião em novembro "ficou claro que há uma solução com base nos fundadores, que passa por os privados assumirem a gestão num conselho de administração onde está, por inerência, o presidente da câmara de Alter, mas deixa de estar a Companhia das Lezírias".

Na prática, o Estado mantém a propriedade e os direitos, mas a gestão será privada, esclareceu a governante, sublinhando que "ninguém pode dizer que funcionou bem" o modelo atual.

Assunção Cristas garantiu que os funcionários "estão acautelados" já que a Coudelaria continuará a precisar deles.

No que respeita à divida, a ministra disse que vai ser resolvida através de dações em pagamento, sendo que algumas propriedade ficarão para a principal credora, a Companhia das Lezírias.

Esta é uma "solução que acautela os interesses públicos", concluiu a governante.

Com cerca de 100 funcionários, a FAR foi criada a 01 de março de 2007, após a extinção do Serviço Nacional Coudélico (SNC), no âmbito do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE).

A Coudelaria Alter do Chão, fundada em 1748 por D. João V, desenvolve, atualmente, trabalhos de seleção e melhoramento de cavalos Lusitanos e na área de investigação, possuindo ainda uma unidade clínica dotada com todos os meios para o acompanhamento e tratamento médico dos animais.

As instalações da coudelaria albergam também um polo da Universidade de Évora, um espaço dedicado à formação profissional e infraestruturas hípicas e desportivas, além do laboratório de genética molecular.

O turismo temático e ambiental e a falcoaria são outras das áreas que fazem parte do dia-a-dia da coudelaria.

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