O primeiro-ministro sustentou esta quinta-feira, à entrada para a reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, que "não tem havido compreensão suficiente" por parte do Banco Central Europeu perante a "natureza do ciclo inflacionista". António Costa reagiu assim à multiplicação de avisos para agravamentos adicionais das taxas de juro.
"Hoje é mais ou menos claro que sobretudo o aumento dos lucros extraordinários tem contribuído mais para a manutenção da inflação do que as subidas salariais", prosseguiu o chefe do Executivo. "Não compreender a natureza específica deste ciclo inflacionista limita muito a capacidade de o enfrentar porque senão acertamos bem no diagnóstico a terapia rapidamente acerta", insistiu.Na Grande Entrevista, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, sinalizou que as taxas Euribor vão continuar a subir até setembro, a 12 meses, e novembro, a três e seis meses.
"Esperemos que, como o governador do Banco de Portugal ontem anunciou, a partir de setembro possamos começar a retomar uma trajetória de política monetária mais adequada àquilo que é fundamental, que é salvaguardar as condições de vida das famílias, a capacidade de as empresas investirem e de a economia continuar a crescer, e de gerar emprego que gerem salários melhores", completou o primeiro-ministro.
A entrevista de Mário Centeno à RTP foi emitida no mesmo dia em que, no Fórum do BCE, em Sintra, os governadores dos bancos centrais europeu, inglês e japonês e o presidente da Reserva Federal norte-americana advertiram para a persistência da inflação, sugerindo assim a continuação dos aumentos das taxas de juro. Telejornal de 28 de junho de 2023
Por sua vez, o presidente da República considerou que os bancos centrais deveriam ter "muito cuidado naquilo que dizem publicamente" em relação aos juros, uma vez que é uma matéria "muito sensível para o dia-a-dia das pessoas".
"A subida dos juros significa multiplicar por dois ou por três, em espaço de tempo recorde, a prestação na habitação, ou então lutar pela casa e contrair novo crédito para o consumo para equilibrar aquilo que se mantém no pagamento para casa própria", vincou Marcelo Rebelo de Sousa.