Correia de Campos retira-se da eleição para o Conselho Económico e Social

por RTP
O antigo ministro da Saúde dos governos de António Guterres e de José Sócrates tinha sido indicado pelo PS para um segundo mandato Paul Hackett - Reuters

Correia de Campos anunciou esta terça-feira que não se irá recandidatar à presidência do Conselho Económico e Social (CES), depois de o seu nome ter sido chumbado por duas vezes no Parlamento. O antigo ministro da Saúde diz, no entanto, que as razões para esta decisão são "puramente pessoais".

"Não vou candidatar-me à terceira eleição. Não vou, por razões puramente pessoais, as mesmas razões pelas quais me candidatei em dezembro e, agora, são as mesmas razões, pelas quais tenho de guardar reserva", comunicou António Correia de Campos.

O antigo ministro da Saúde dos governos de António Guterres e de José Sócrates tinha sido indicado pelo PS para um segundo mandato enquanto presidente do CES, mas viu o seu nome ser recusado por duas vezes no Parlamento.

Em dezembro, Correia de Campos recolheu 125 fotos favoráveis de 209 votantes, ficando aquém dos necessários dois terços. Em 2016, a primeira vez que foi proposta para presidente o CES, Correia de Campos apenas conseguiu ser eleito na segunda votação.

Desta vez, o antigo ministro da Saúde não conseguiu o mesmo desfecho, obtendo apenas 110 “sim” dos deputados na segunda votação que decorreu na passada sexta-feira.

Correia de Campos considera que as regras para a eleição à presidência do CES são “muito exigentes”, mas que as mesmas foram “totalmente cumpridas” e, como tal, respeita “totalmente” a decisão da Assembleia da República.

"Vivemos num processo democrático, a Assembleia da República [AR] é um órgão de soberania, tem regras constitucionais para a designação de certos órgãos, como é o caso da presidência do CES, essas regras são muito exigentes, impõem uma maioria de dois terços", declarou Correia de Campos.
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"Foram totalmente cumpridas essas regras, não foi eleito o candidato apresentado, ponto final. Não tenho de ter nenhuma mágoa nem nenhuma satisfação, o meu papel é respeitar totalmente a deliberação da AR, naturalmente", sublinhou.
Balanço positivo do mandato
Sobre a eleição do seu sucessor, Correia de Campos não pede qualquer celeridade no processo, voltando a sublinhar a exigência das regras para a eleição do presidente do CES:

"Não tenho nenhuma reclamação a fazer, nem nenhuma declaração a apresentar. A AR tem, como órgão de soberania, os seus tempos de processamento, é conhecido que é uma eleição exigente, que exige maioria qualificada, de dois terços".

"Portanto, a AR saberá encontrar o momento em que se possa pôr de acordo para eleger o meu sucessor", acrescentou Correia de Campos.

Correia de Campos faz um balanço positivo do seu mandato à frente do CES, considerando que beneficiou da conjuntura política, económica e social:

"Foi um mandato em que tivemos um período de grande relaxamento social, baixou o nível de conflitualidade social. A essa redução da conflitualidade não é estranho o facto de ter melhorado fortemente o clima económico e ter havido aumentos de vencimentos e melhorias das condições sociais, e, também, o facto de termos na Presidência da República o professor Marcelo Rebelo de Sousa, que imprimiu um cunho de estabilidade relacional com todos os parceiros, de que o CES certamente também beneficiou", sustentou.

c/ Lusa
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