Correia de Campos anunciou esta terça-feira que não se irá recandidatar à presidência do Conselho Económico e Social (CES), depois de o seu nome ter sido chumbado por duas vezes no Parlamento. O antigo ministro da Saúde diz, no entanto, que as razões para esta decisão são "puramente pessoais".
O antigo ministro da Saúde dos governos de António Guterres e de José Sócrates tinha sido indicado pelo PS para um segundo mandato enquanto presidente do CES, mas viu o seu nome ser recusado por duas vezes no Parlamento.
Em dezembro, Correia de Campos recolheu 125 fotos favoráveis de 209 votantes, ficando aquém dos necessários dois terços. Em 2016, a primeira vez que foi proposta para presidente o CES, Correia de Campos apenas conseguiu ser eleito na segunda votação.
Desta vez, o antigo ministro da Saúde não conseguiu o mesmo desfecho, obtendo apenas 110 “sim” dos deputados na segunda votação que decorreu na passada sexta-feira.
Correia de Campos considera que as regras para a eleição à presidência do CES são “muito exigentes”, mas que as mesmas foram “totalmente cumpridas” e, como tal, respeita “totalmente” a decisão da Assembleia da República.
"Vivemos num processo democrático, a Assembleia da República [AR] é um órgão de soberania, tem regras constitucionais para a designação de certos órgãos, como é o caso da presidência do CES, essas regras são muito exigentes, impõem uma maioria de dois terços", declarou Correia de Campos. Antena 1
"Foram totalmente cumpridas essas regras, não foi eleito o candidato apresentado, ponto final. Não tenho de ter nenhuma mágoa nem nenhuma satisfação, o meu papel é respeitar totalmente a deliberação da AR, naturalmente", sublinhou.
Balanço positivo do mandato
Sobre a eleição do seu sucessor, Correia de Campos não pede qualquer celeridade no processo, voltando a sublinhar a exigência das regras para a eleição do presidente do CES:
"Não tenho nenhuma reclamação a fazer, nem nenhuma declaração a apresentar. A AR tem, como órgão de soberania, os seus tempos de processamento, é conhecido que é uma eleição exigente, que exige maioria qualificada, de dois terços".
"Portanto, a AR saberá encontrar o momento em que se possa pôr de acordo para eleger o meu sucessor", acrescentou Correia de Campos.
Correia de Campos faz um balanço positivo do seu mandato à frente do CES, considerando que beneficiou da conjuntura política, económica e social:
"Foi um mandato em que tivemos um período de grande relaxamento social, baixou o nível de conflitualidade social. A essa redução da conflitualidade não é estranho o facto de ter melhorado fortemente o clima económico e ter havido aumentos de vencimentos e melhorias das condições sociais, e, também, o facto de termos na Presidência da República o professor Marcelo Rebelo de Sousa, que imprimiu um cunho de estabilidade relacional com todos os parceiros, de que o CES certamente também beneficiou", sustentou.
c/ Lusa